Perseguições, discriminações, tratamento rude, tarefas diferenciadas do resto da equipe e tentativas de isolá-la do grupo de trabalho. Essas atitudes, que caracterizam assédio moral, eram dispensadas por uma gerente do Ouribank (antigo Ourinvest) contra uma ex-funcionária do banco.
A bancária já passava por isso antes de sair de licença-maternidade, mas reencontrou a mesma situação quando retornou ao banco, em novembro passado. Diante disso, ela resolveu denunciar o assédio moral nos canais do Outibank. A demissão não tardou e veio logo na semana seguinte.
O Ouribank tem um código de ética em que diz repudiar todas as práticas que configurem assédio moral, e tem também um canal de denúncia em que afirma que as queixas serão recebidas com “confidencialidade, independência, imparcialidade e isenção”, mas não foi isso que aconteceu com a ex-funcionária.
“Acreditei na boa vontade do banco e reportei o tratamento da gerente ao RH. Fui orientada a procurar um dos principais diretores do Ouribank e ele chegou a marcar uma reunião comigo, mas quando o encontrei e o lembrei da reunião, ele simplesmente me ignorou, fez de conta que não estava me ouvindo. Na semana seguinte eu fui demitida. E a justificativa foi ‘baixa performance’, mas isso é absurdo porque eu tinha pouco mais de um mês de retorno! Como cobrar que eu tivesse pontuado se eu mal tinha voltado da minha licença-maternidade?!”, questiona a trabalhadora.
Ao ser demitida, a bancária procurou o Sindicato, que está apurando o caso e cobrando explicações do banco. “Para nós, do Sindicato, fica mais uma vez claro que os canais de denúncia do banco não são confiáveis, e que o Ouribank, mesmo sabendo da situação, resolveu punir a bancária com demissão. Isso mostra que o assédio moral na verdade é uma prática institucionalizada na empresa”, avalia Marcelo Gonçalves, diretor do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região.
O Sindicato procurou o RH do Ouribank que confirmou a versão de que a bancária havia sido demitida por “baixa performance”, porém informou que haverá um processo de investigação sobre o caso e que dará o retorno ao Sindicato em 15 dias.
Assédio é comprovado por outra bancária
Uma colega de banco da trabalhadora demitida confirma o caso. “Fui testemunha de que a gerente pedia para que a equipe evitasse contato com ela. A gerente, inclusive, chegou a chamar uma reunião para reclamar da equipe, e nessa reunião fomos coagidos a nos manifestar”, conta a bancária, que não será identificada para evitar represálias.
Denuncie pelo canal do Sindicato
O dirigente Marcelo Gonçalves reforça que esse é mais um caso que comprova que não se deve confiar nos canais do banco para denunciar assédio. Ele reforça que os trabalhadores devem procurar o Sindicato e usar o Canal de Denúncia da entidade, que protege o denunciante e garante o seu anonimato.
“O Sindicato tem um Canal de Denúncia que foi conquistado em Campanha da categoria e que está clausulado na nossa Convenção Coletiva de Trabalho. É por esse canal que os bancários devem denunciar assédio e qualquer outro problema no ambiente de trabalho. Nosso Canal de Denúncia garante o anonimato do denunciante e apuração confiável do problema. O que aconteceu com essa trabalhadora, que tinha recém retornado de sua licença-maternidade, é inadmissível. Estamos aguardando uma resposta do banco sobre o caso, e vamos cobrar caso não tenhamos o retorno prometido.”