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Amamentação pode salvar 800 mil bebês por ano

Linha fina
Revista britânica atesta, ainda, que Brasil é referência e que aleitamento materno até pelo menos um ano levaria a economizar US$ 300 bilhões anuais no mundo
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São Paulo – Um estudo publicado na revista médica britânica Lancet, publicado no dia 29 de janeiro, cruzou dados de 1,3 mil estudos sobre aleitamento materno em 153 países e concluiu que a amamentação prolongada – período de 12 meses ou mais – poderia salvar a vida de, pelo menos, 800 mil bebês anualmente em todo o mundo. A pequisa indica, ainda, que o Brasil é considerado referência mundial em amamentação.

“Nos países ricos, a amamentação reduz em mais de um terço a morte súbita do lactente. Em países pobres ou de renda média, cerca de metade das epidemias de diarreia e um terço das infecções respiratórias poderiam ser evitadas graças ao aleitamento materno”, afirmam os pesquisadores.

Essas 800 mil mortes equivalem a 13% de todas as mortes de crianças com menos de dois anos no mundo. Com a amamentação, os bebês são protegidos de infecções, diarreias e alergias e têm diminuído o risco de desenvolver doenças como hipertensão, obesidade, diabetes e colesterol. O estudo aponta ainda que adultos amamentados por mais tempo têm melhor desenvolvimento intelectual.

As mães também seriam beneficiadas pela prática. O estudo estima que 20 mil mortes por câncer de mama poderiam ser evitadas anualmente, já que a amamentação diminui o risco desta doença em 6%. Também contribui para evitar o desenvolvimento de câncer nos ovários, além de auxiliar na recuperação pós-parto.

Segundo o estudo, a situação da amamentação é pior no Primeiro Mundo. A taxa de aleitamento materno no Reino Unido (Inglaterra, País de Gales, Escócia e Irlanda do Norte) é de apenas 1% das crianças. Na Irlanda e na Dinamarca, é de 2% e 3%, respectivamente. Nos países ricos, apenas uma em cada cinco crianças é amamentada até os 12 meses. Já nos países pobres, o índice é de uma em cada três.

A melhora na taxa de amamentação não seria benéfica somente para a saúde. Segundo o estudo, se as taxas de aleitamento materno chegassem a 90%, a economia seria de US$ 2,45 bilhões nos Estados Unidos; US$ 223 milhões na China, e US$ 6 milhões no Brasil. No mundo, o valor chegaria a US$ 300 bilhões, considerando tanto os gastos que deixariam de ser necessários na saúde, como a potencial melhora desenvolvimento dos países.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda a amamentação exclusiva até os seis meses e a amamentação associada à ingestão de outros alimentos até os dois anos. Hoje, cerca de 35% das crianças do mundo estão sendo alimentadas de acordo com esta recomendação.

Entre os problemas apontados no estudo estão a limitação ou inexistência de licença- maternidade em muitos países; tradições culturais que condenam ou dificultam a prática da amamentação; e a publicidade agressiva de produtos para substituir o aleitamento materno. “As vendas globais de leite (de substituição) aumentaram no valor de US$ 2 bilhões, em 1987, para cerca de 40 bilhões em 2014”, segundo os pesquisadores.

Brasil - A Lancet destacou o Brasil como referência mundial em aleitamento materno por políticas de incentivo à prática e regulação da comercialização de fórmulas industrializadas para substituição do leite das mães. A publicação cruzou dados de 1.300 estudos de 159 países. Segundo os pesquisadores, apenas 2% das crianças até seis meses de idade recebiam leite materno exclusivamente no país em 1986. Em 2008, essa taxa saltou para 41%. Além disso, a média de tempo de amamentação era de dois meses e meio em 1974. Em 2006, a média subiu para 14 meses.

A publicação destacou a regulamentação da Lei nº 11.265 – chamada “lei da amamentação” –, em novembro do ano passado, que limitou a comercialização de substitutos do leite materno e sistematizou a certificação dos hospitais “Amigos da Criança”, assegurando padrões de qualidade e treinamento dos profissionais de saúde para incentivar o aleitamento.

E também a rede brasileira de bancos de leite humano, a maior do mundo, da qual fazem parte 218 hospitais e 161 postos de coleta distribuídos em todos os estados. O modelo brasileiro já foi exportado para 25 países da América Latina, da África e da Europa. A mesma publicação já havia anunciado, em outubro de 2015, que a redução da mortalidade infantil no Brasil foi 20% maior do que a média mundial, segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS).


Redação, com informações de Rodrigo Gomes, da Rede Brasil Atual - 2/2/2016
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