Pular para o conteúdo principal

Protesto pede saída de coordenador da Saúde Mental

Linha fina
Sindicatos e movimentos sociais realizaram ato em Sorocaba contra Valencius Wurch, ligado a casos de violação de direitos humanos durante gestão de manicômio no Rio
Imagem Destaque

São Paulo – Entidades ligadas à psicologia e movimentos organizados da sociedade civil realizaram na sexta 19 um ato em Sorocaba contra a recente indicação de Valencius Wurch Duarte Filho, pelo ministro da Saúde, Marcelo Castro, para o cargo de coordenador nacional da Saúde Mental, Álcool e outras Drogas. Os manifestantes se reuniram no campus da Universidade de Sorocaba, em frente ao Seminário Diocesano, onde Valencius se reunia com diretores manicomiais e representantes do poder público da região.

“Estamos aqui pelo fato de nós lutarmos por uma saúde humanizada e digna. O Valencius não representa nada disso. Ele representa um modelo de manicômios que trancam cidadãos e cidadãs, representa a morte nos hospitais”, disse Ademilson Terto, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Sorocaba e Região (SMetal), presente no ato com representantes do Sindicato dos Psicólogos do Estado de São Paulo, do Conselho Regional de Psicologia e do Levante Popular da Juventude.

Valencius, que assumiu o posto de coordenador em dezembro do ano passado, é alvo de severas críticas e conhecido por ter sido diretor do maior manicômio da América Latina, a Casa de Saúde Doutor Eiras, em Paracambi, no Rio de Janeiro. Durante sua gestão, segundo o diretor do Sindicato dos Psicólogos do Estado de São Paulo Vinicius Saldanha, surgiram queixas de “mortes, diversas formas de maus-tratos e diversas violações de direitos humanos”.

Outra frente de protesto está acampada desde o fim do ano passado em Brasília, na sede da Coordenação Geral da Saúde Mental, Álcool e outras Drogas. “Valencius tem um posicionamento totalmente oposto ao atendimento humanizado que deve ocorrer no contexto da saúde mental. Ele já manifestou discordância com a Lei da Reforma Psiquiátrica, que preconiza o atendimento humanizado”, afirmou Saldanha.

A presença de movimentos sociais na luta foi destacada pelo dirigente. “A importância de hoje é unir os movimentos para demonstrar nosso repúdio à presença do Valencius enquanto coordenador de Saúde Mental”, disse.

Para Rafael da Guia, militante do Levante Popular da Juventude, a retirada de Valencius deve ser urgente. “Ele representa um retrocesso na reforma manicomial em vigência no Brasil desde 2002 (…) a presença do Levante demonstra que esta é uma luta de todos, e não apenas dos envolvidos diretamente”, afirmou.

Valencius, de acordo com Saldanha, possui ligação com negócios do ramo manicomial. "O projeto dele é alinhado com os 'empresários da loucura', que lucram com o sofrimento e com a violação de direitos humanos (...) ele não possui um projeto inclusivo, não considera os determinantes sociais que incidem sobre a saúde. Ele se pauta pela exclusão visando ao lucro e propagando uma visão fascista", disse o militante.

 

Rede Brasil Atual - 19/2/2016
seja socio