O caso de um bancário que sofre perseguição do Itaú chegou à Superintendência Regional do Trabalho e Emprego (SRTE). O Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região foi chamado para mediar o conflito.
> Assine o boletim eletrônico com notícias específicas do Itaú
> Faça a sua sindicalização e fortaleça a luta em defesa dos direitos dos bancários
Após seu setor original encerrar as atividades, o trabalhador foi transferido diversas vezes em áreas de tecnologia, para as quais ele não possui formação. Ele denuncia que ficou sem função nesses outros departamentos, mesmo sempre tendo apresentado desempenho acima do exigido pelo banco no Prad (Programa para Alto Desempenho).
“Meu cargo mudou quatro vezes em quatro meses. Você pode imaginar como ficou a minha cabeça. Você vem de um desempenho de alta performance, uma pessoa reconhecida pela companhia, preparado para uma promoção e de repente você fica sem chão”, desabafou o trabalhador à TVT (veja vídeo abaixo).
A situação, que caracteriza assédio moral, o levou a desenvolver doenças psicossomáticas, comprovadas por atestados médicos e exames clínicos. Ele teve de se afastar do trabalho pelo INSS.
> Número de bancários doentes dispara em oito anos
Com a política de anulação dos benefícios implantada pelo governo Temer, e que se intensificou no governo Bolsonaro, o empregado perdeu o auxílio-doença. Mas sem condições de voltar ao banco, se viu em uma espécie de “limbo”, sem salário e sem benefício do INSS, em uma situação que o deixou totalmente desassistido.
> 'Pente-fino' no INSS ataca direitos e gera despesas
Diante desse cenário, e mesmo não recuperado das doenças causadas pelo tratamento recebido no banco, ele não viu outra alternativa a não ser voltar ao trabalho. O Itaú, então, o realocou no mesmo setor e o manteve sem função.
“A partir do momento que você adoece, você não é mais útil (...). Eu era um fantasma. As pessoas não me davam bom dia. Tinham medo de mim. Havia eventos sociais no banco, café da manhã, confraternização. Chamavam as pessoas do meu lado e não me chamavam. As reuniões de equipe, de alinhamento, estratégia, nunca fui chamado para nenhuma delas. É um assédio em doses homeopáticas”, relata o trabalhador.
Durante o período de reabilitação, as perseguições se intensificaram. Sua jornada de trabalho foi alterada sem sua concordância. O banco tentou lhe dar uma advertência porque ele marcou entrada no ponto eletrônico um minuto antes do horário – enquanto ele ficou afastado, o Itaú alterou as regras a fim de penalizar os empregados que marcam entrada antes ou depois da jornada de trabalho. Mas o bancário afirma que não foi avisado dessa mudança, e por isso se recusou a assinar a advertência.
Por conta de uma denúncia contra ele, feitas por um colega ao Ombudsman do Itaú, o trabalhador foi intimado pelo médico coordenador do banco a dar esclarecimentos. O médico ainda tentou convencer o trabalhador a pedir demissão.
O Secretário de Saúde do Sindicato e bancário do Itaú, Carlos Damarindo, orienta que denúncias contra colegas não devem ser passadas para o Ombudsman, e sim para o Sindicato, que irá apurar e encaminhar junto ao banco.
O bancário afirma ainda que o Itaú também investigou dados pessoais da sua vida. Além de procurar a SRTE e o Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região, o trabalhador também acionou o Ministério Público do Estado de São Paulo.
“Além de sofrer pressão para o cumprimento de metas, assédio moral e perder a saúde por causa desses abusos, o empregado ainda tem a vida pessoal monitorada pelo Itaú. Infelizmente essa é uma prática comum no setor”, afirma a dirigente sindical e bancária do Itaú Elaine Machado.
O Sindicato está acompanhando as denúncias e orientando o trabalhador. “Qualquer trabalhador que enfrente problema de saúde e não esteja passando por processo adequado de reabilitação ao trabalho, deve documentar todas as práticas do banco que possam caracterizar abuso ou desrespeito, e denunciar ao Sindicato. Nunca procure o Ombudsman ou outros canais do banco, pois não são confiáveis”, orienta Carlos Damarindo.
As denúncias podem ser feitas diretamente a um dirigente sindical, ou clicando aqui, ou ainda pelo telefone (11) 3188-5200 e WhatsApp (11) 97593-7749. Veja telefones e endereços das regionais aqui. O sigilo do denunciante é garantido.