Trabalhadores de diversos ramos do Brasil e da Itália realizam, em São Paulo, realizam seminário para discutir conjuntura política e econômica nos dois países e para debater estratégias de mobilização contra o fascismo e o avanço da ultra direita no mundo.
O seminário, que começou na terça-feira 26 e se encerra nesta quarta-feira 27, é uma parceria entre a Central Única dos Trabalhadores de São Paulo (CUT-SP) e a Confederação Geral Italiana do Trabalho, da Lombardia e de Milão (CGIL Lombardia e CGIL - Camera del Lavoro Metropolitana di Milão). A parceria existe desde 2012, com encontros intercalados entre os dois países que, segundo os sindicalistas, guardam muitas semelhanças.
“A solidariedade dos movimentos sociais e sindicais, no Brasil e no exterior, é extremamente importante nesse momento em que vivemos, com a ampliação de práticas antissindicais e desrespeito aos direitos dos trabalhadores e da democracia. Não podemos mais pensar em um sindicato, ou na luta de classes, de maneira restrita e sim de forma ampla e internacional”, afirma a presidenta do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Ivone Silva, que participou do evento junto com vários outros dirigentes sindicais bancários.
Ivone destaca que a organização dos bancários brasileiros é vista como um exemplo de luta por sindicalistas de todo o mundo. “Nossa categoria, mesmo distribuída em diversos bancos privados e em bancos públicos, consegue fechar um acordo nacional que é válido para todos, em todas as regiões do país. Esse modelo de negociação coletiva é uma referência internacional, daí a importância da nossa participação.”
E ressalta ainda que a troca proporcionada pelo encontro fortalece a luta dos trabalhadores. “O debate nos faz conhecer experiências de sucesso na organização dos trabalhadores nos dois países.”
O segundo dia do seminário teve como tema a organização dos trabalhadores e os desafios colocados hoje, tanto os gerais quanto os por ramos de atividade, que estavam representados por diversas categorias: além de bancários (setor financeiro), sindicalistas dos setores de Comércio e Serviços, de Educação, de Serviços Públicos e Seguridade Social, metalúrgicos, químicos e aposentados.
Ao final das discussões, será elaborado e assinado um Termo de Cooperação para 2020.
Resistência ao fascismo
No primeiro dia do seminário, na terça-feira 26, o painel de abertura debateu conjuntura no Brasil e na Itália, e participaram, entre outros, a professora de Relações Internacionais da Unifesp Esther Solano, e o ex-chanceler e ex-ministro da Defesa Celso Amorim.
Foi destacada a semelhança das realidades dos dois países: assim como no Brasil e como em boa parte do mundo, a população italiana vem sofrendo com reformas neoliberais, que reduzem a ação do Estado e atacam direitos dos trabalhadores. Nos dois contextos, o discurso da meritocracia impera, com incentivo à competição e ao individualismo e a crença em liderança ditas “antissistema”, como o atual presidente do Brasil, mas que resgatam o discurso fascista do início do século 20. "Essas forças antissistema utilizam linguagem simples, mas não estão inventando nada. São as mesmas que conhecemos na década de 1930”, afirmou o secretário da CGIL, Giacomo Licata.
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