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Chapéu
contra a discriminação

Sindicato integra fórum de combate à desigualdade racial

Linha fina
Iniciativa do Ministério Público do Trabalho atuará nos setores jurídico, midiático e empresarial; Sindicato irá reforçar a luta pela ampliação da contratação de trabalhadores negros nos bancos, onde apenas 24% da categoria são da etnia, contra 54% na população geral 
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Foto: Divulgação

No último país do hemisfério ocidental a abolir a escravidão, há apenas 130 anos, um trabalhador branco recebeu, em média, 72,5% a mais do que um profissional preto ou pardo em 2017. Enquanto uma pessoa branca teve rendimento médio de R$ 2.615, um negro (soma da população preta e parda) recebeu R$ 1.516 em 2017. Já as mulheres negras ganham 43% menos do que as mulheres brancas. Os dados são do IBGE.

Diante dessa realidade cujas origens remontam aos mais de 350 anos de escravidão praticados no Brasil e à histórica falta de políticas governamentais que atuem para reduzir o quadro de desigualdade racial, social e de gênero, o Ministério Público do Trabalho organizou o Fórum Estadual de Prevenção e Combate à Discriminação de São Paulo.

A primeira reunião foi realizada nesta sexta-feira 8, com a participação do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região, que integra o fórum.  No encontro, os integrantes do fórum deliberaram pela atuação em três setores nos quais a população negra é sub-representada: jurídico, empresarial e midiático. 

O Sindicato dos Bancários atuará no setor empresarial. Grandes empresas, incluindo os bancos, argumentam que a maior parte da população negra tem baixa escolaridade, o que impossibilita a contratação para os cargos de hierarquia mais alta. 

“Nossa aposta é que, diante da existência desse drama, os bancos devem promover políticas de inclusão por meio da contratação de trabalhadores negros nos cargos iniciais, como jovens aprendizes, estagiários e trainees”, explica Júlio César Silva Santos, integrante do Coletivo de Combate ao Racismo do Sindicato e bancário do Itaú. 

A juíza federal do Trabalho Mylene Pereira Ramos Seidl e o dirigente Júlio César


Segundo o IBGE, pretos e pardos compõem 54% da população total do país. Mas de acordo com o Censo da Diversidade Bancária - levantamento mais recente sobre o perfil da categoria, realizado em 2014 -, ocupam apenas 24,6% dos cargos nos bancos (os pardos são 21,2% e os pretos são 3,4%). Uma das conquistas da Campanha Nacional Unificada dos Bancários de 2018 foi a realização de um novo Censo da Diversidade, o que deve ocorrer ainda em 2019.

> Comando Nacional dos Bancários define calendário de mesas temáticas para 2019  

“Vamos estimular a discussão dessa agenda positiva visando a aplicação de políticas de igualdade racial nos bancos, já que a invisibilidade dos negros é uma realidade, principalmente nos cargos de chefia, mas também nas agências bancárias, onde a presença de trabalhadores pretos e pardos não é percebida, reforçando a visão preconceituosa de que a imagem do negro não é ‘vendável’”, afirma Júlio César. 

No setor bancário, os negros (compostos por pretos e pardos) têm rendimento médio correspondente a 87,3% do rendimento médio dos brancos. E as mulheres negras sofrem ainda mais discriminação: seu rendimento médio corresponde a apenas 68,2% do dos homens brancos. Os dados são do Censo da Diversidade Bancária.

“A atuação do Sindicato dos Bancários neste fórum é fundamental para garantirmos um ambiente bancário que respeite a igualdade de oportunidades e a diversidade racial”, finaliza Júlio César.

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