Em 13 de maio de 1888, a princesa Isabel, regente do Brasil, assinou a Lei Áurea, que determinava o fim da escravidão no país. Mas para o movimento negro, a data, longe de ser comemorada, deve servir para lembrar que a população negra continua marginalizada e que a tão celebrada “abolição” não foi suficiente na época e não se completou até hoje.
“Os dados oficiais da época mostram que em maio de 1888, 90% dos negros no país já estavam de fato libertos. O que não havia no final do século XIX, e não há até hoje, é a integração da população negra à sociedade brasileira. E é isso que nós, do movimento negro, destacamos nesta data: ainda somos marginalizados, ainda somos os que mais são assassinados pelo PM, ainda somos a maioria da população carcerária, a maioria dos desempregados”, destaca o dirigente Júlio César, do coletivo de combate ao racismo do Sindicato dos Bancários e Financiários de São Paulo, Osasco e Região.
Júlio ressalta ainda que a história esquece a luta dos abolicionistas e dos negros e negras por sua liberdade, que antecedeu a Lei Áurea. “Não podemos perder de vista a importância do movimento abolicionista e da população negra na conquista de sua liberdade. E a história procura esconder essa mobilização, que perdura até hoje na luta contra o racismo estrutural da sociedade brasileira, contra a marginalização de negros e negras e por políticas públicas de inclusão.”
“Precisamos de uma sociedade que tenha um letramento antirracista, que tenha também uma luta emancipatória da população negra, com a inclusão de todos os povos, sem discriminações por raça, gênero ou qualquer outro tipo de distinção. Ou seja, é importante que nós respeitemos, e valorizemos, a diversidade no conjunto da população. Não basta apenas dizermos que não somos racistas, é necessário que sejamos aqueles e aquelas que façam a mudança individualmente e também coletivamente. Que possamos, neste 13 de maio de 2022, quando chegamos aos 134 anos da abolição oficial da escravatura, lutar por uma sociedade mais justa e igualitária”, conclui Júlio.
Sarau Tamo Junto
Para refletir sobre esta luta e sobre a “falsa abolição”, o Sindicato promove, nesta sexta-feira, 13 de maio, o Sarau Tamo Junto, que acontece no Café dos Bancários, na sede da entidade (Rua São Bento, 413), das 19h às 22h. Venha se juntar a nós!