Mesmo com a diminuição da taxa de desemprego em 2019, os 11,9% representam quase o dobro do menor nível da série histórica, em 2014. Em cinco anos, portanto, o número de desempregados teve alta de 87,7% e quem mais vem sofrendo com esse cenário são os jovens.
A reportagem é do Reconta Aí.
A pesquisa Juventude e Trabalho, coordenada pelo diretor do FGV Social (Centro de Políticas Sociais), Marcelo Neri, aponta que a população entre 15 e 29 anos, principalmente os mais pobres, foram os maiores perdedores de renda de trabalho nos últimos 5 anos.
Em entrevista ao programa Bate-Papo FGV, Neri explicou que nesse período os jovens perderam em média 14% de renda de trabalho. “Como o contingente de jovens é o maior que o Brasil já teve e na verdade terá, pelas projeções, então é um grupo que está sofrendo bastante. É um grupo muito grande e que diz muito sobre o futuro do País”, explica.
Quando se faz uma comparação social, o estudo mostra que a renda dos mais pobres nessa parcela da população caiu 24,24%. Os fatores que levam à queda da renda e aumento da desigualdade nessa faixa etária são: aumento do desemprego, redução da jornada de trabalho e queda do salário por hora/ano de estudo.
Algumas perdas são mais críticas. As mulheres, por exemplo, que não tinham perdido na população total, agora têm perdas de 10,98%. Se comparar as regiões do Brasil, os moradores do Nordeste (23,58%) e do Norte (22,01%) foram os mais prejudicados.
Crescimento dos jovens “nem-nem”
O estudo também mostra que houve um aumento na proporção dos que se enquadram no perfil chamado “nem-nem”, jovens que nem estudam nem trabalham. Entre o último trimestre de 2014 e o segundo trimestre de 2019, esse grupo aumentou de 21% para 24,1%.
Já a proporção de jovens que trabalham e estudam ao mesmo tempo está em baixa. No último trimestre de 2014 eram 12,3%, enquanto que no segundo trimestre de 2019, eram 11,6%.
Aprovação do governo
Durante o programa, Neri também falou sobre a confiança dos jovens no governo. No Brasil, a pesquisa revela que apenas 12% dos jovens aprovam seus governantes, enquanto que em outros países, esse número sobe para mais de 54%.