O Brasil chegou a março de 2022 com um saldo de 12 milhões de desempregados, uma taxa de desocupação de 11,1% da população economicamente ativa. No trimestre de janeiro a março de 2022, havia cerca de 27,3 milhões de pessoas subutilizadas no Brasil. Já o contingente de pessoas desalentadas – que desistiram de procurar emprego porque perderam a esperança de se recolocar no mercado de trabalho – foi estimado em 4,7 milhões.
Os números são do Novo Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados), com base na PNAD Contínua.
Ainda segundo o Caged, do total de 95,2 milhões de trabalhadores ocupados, 46,2 milhões (48,5%) estão alocados em postos desprotegidos (sem carteira assinada e/ou conta própria). Este montante supera o número de ocupados em postos protegidos e, somado à queda nos rendimentos médios, reforça a condição de precarização no mercado de trabalho.
Em março de 2022, o emprego celetista no Brasil registrou saldo de 136.189 postos de trabalho. Este resultado decorreu de 1.953.071 admissões e de 1.816.882 demissões.
“Embora haja um movimento de crescimento do emprego, ainda são insuficientes e frágeis os dados de recuperação econômica. Além disto, a inflação tem consumido os salários, e as famílias chegam ao fim do mês sem condições de arcar com as despesas. Tanto que Bolsonaro será o primeiro presidente desde o Plano Real a encerrar o mandato com o salário mínimo valendo menos do que quando assumiu. Ou seja, o poder de compra da população caiu consideravelmente.”
Lucimara Malaquias, Secretária de Estudos Sócio-econômicos (Sese) do Sindicato dos Bancários e Financiários de São Paulo, Osasco e Região
“Soma-se aos 11 milhões de desempregados, os que estão desalentados e ou subocupados, em especial mulheres e jovens, que estão fora no mercado formal de trabalho, retroalimentando um ciclo de exclusão, pobreza e desigualdade”, acrescenta a diretora executiva do Sindicato.
Redução do emprego na categoria bancária
Após 11 meses consecutivos de resultados positivos, o emprego formal no setor bancário reverteu a trajetória e apresentou, em março de 2022, fechamento de 212 postos de trabalho.
No acumulado dos últimos 12 meses, entretanto, foram criados 11,7 mil postos de trabalho, decorrentes de forte impacto de contratações da Caixa Econômica Federal, a partir de decisão judicial favorável à contratação de trabalhadores aprovados no concurso de 2014; e por conta de ampliação de postos de trabalho não ligados diretamente aos serviços bancários, como o de profissionais de TI.
“Na prática os bancários sentem no dia a dia o acúmulo de trabalho e o adoecimento decorrente disto. Na categoria, alguns fatores contribuem com a rotatividade e com a redução de bancários, são eles: a inovação tecnológica, a terceirização e as mudanças nas leis trabalhistas. Os bancos privados, em especial o Santander, têm apostado fortemente na terceirização de mão de obra com redução de diretos”, afirma Lucimara, que também é coordenadora da Comissão de Organização dos Empregados do Santander (COE Santander).
Lucimara lembra que os bancos apresentaram lucro altíssimo em 2020 e 2021, apesar da pandemia e da crise econômica. “Além disto, os bancos devem exercer responsabilidade social por serem concessões públicas, e deveriam ter gerado muito mais emprego na categoria, ao invés de promover essa intensa rotatividade somada com a terceirização e com a sobrecarga de trabalho e com o acúmulo de funções, que tanto penalizam a categoria. Por tudo isto, os bancos têm a obrigação de gerar mais empregos.”
2022: ano crucial para os bancários, demais trabalhadores e o País
A diretora executiva do Sindicato ressalta que 2022 será crucial para os bancários. O ano será marcado pela campanha nacional dos bancários 2022, quando será renovada a convenção coletiva de trabalho da categoria bancária e os acordos específicos de bancos públicos; e de eleições gerais que elegerão novos Congresso Nacional e presidente da República para os próximos quatro anos.
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“Em meio a este cenário, a Campanha Nacional deste ano terá muitos desafios, e só a categoria organizada e mobilizada garantirá seu bom resultado, e que impactará profundamente no emprego bancário e nas condições de vida dos trabalhadores pelos próximos anos. Por isto, é fundamental se mobilizar e participar não só Campanha Nacional, mas também do processo eleitoral, conhecendo a fundo as propostas e os programas de governo dos candidatos”, afirma Lucimara.