O Santander divulgou o seu balanço de 2021, no qual registrou lucro líquido gerencial de R$ 16,347 bilhões, alta de 7% em relação a 2020. O Retorno sobre o Patrimônio Líquido Médio Anualizado (ROAE) do banco ficou em 21,2%, com alta de 0,1 p.p. em doze meses. O lucro obtido na unidade brasileira do banco representou 26,9% do lucro global.
“É importante destacar que esse aumento do lucro - em meio a uma crise sanitária, econômica e social sem precedentes - é resultado direto do trabalho exaustivo de mais de 45 mil trabalhadores, que infelizmente não recebem a contrapartida do banco, já que o Santander avança cada vez mais na terceirização, o que resulta em redução na remuneração e perda de direitos”
Lucimara Malaquias, diretora do Sindicato e coordenadora da COE Santander
Emprego
O Grupo Santander encerrou o ano de 2021 com 48.834 empregados, o que representa a abertura de 4.235 postos de trabalho em 12 meses. Porém, por outro lado, as despesas com pessoal, incluída a PLR, caíram 1,7% no período.
“Embora a holding tenha contratado mais de 4.200 trabalhadores no ano, essas contratações não resultam em qualidade nas condições de trabalho, tampouco num melhor atendimento à população. Haja vista que não são contratação de bancários, e sim de terceiros. As agências permanecem com poucos funcionários, sobrecarregados, adoecidos, sofrendo assédio e uma pressão absurda por metas”, avalia Lucimara.
“A redução das despesas com pessoal evidencia justamente que estas contratações foram majoritariamente de terceiros, que recebem menos e não estão na Convenção Coletiva de Trabalho (CCT) dos Bancários. É o Santander reduzindo a remuneração e cortando direitos para majorar seu resultado às custas dos trabalhadores que constroem o lucro do banco dia após dia”, acrescenta.
Somente com a prestação de serviços e tarifas, uma receita secundária, o Santander cobre em mais de duas vezes (210,7%) toda a sua folha de pagamento.
Fechamento de agências
Em 2021, o Santander fechou 166 agências e 27 PABs. Para a diretora do Sindicato, o fechamento de agências aponta para um posicionamento do banco em priorizar determinados segmentos de clientes e regiões mais abastadas para manter e abrir agências, discriminando a população mais pobre.
Índice de inadimplência
O índice de inadimplência no Santander subiu 0,6 p.p em doze meses. O aumento não resultou no crescimento do PDD (provisões para créditos de liquidação duvidosa), que teve queda de 6,8%, totalizando R$ 15,356 bilhões, em decorrência de provisionamentos realizados em períodos anteriores.
“O índice de inadimplência em 2,7% indica o aumento do endividamento dos clientes. A campanha Desendivida, lançada pelo banco, embora tenha um investimento gigantesco em marketing, não contribui de forma efetiva com os clientes, uma vez que a renegociação proposta é muita mais um parcelamento de longo prazo do que uma redução de juros e tarifas. O Santander pode e deve fazer muito mais pela população do Brasil, país de onde retira a maior parte do seu lucro global. Um bom início seria gerar empregos, não precarizar as relações de trabalho por meio da terceirização, contratar mais bancários e reduzir juros e tarifas”, conclui Lucimara.