O Bradesco registrou lucro líquido recorrente de R$ 16,3 bilhões em 2023, uma queda de 21,2% em relação ao resultado de 2022. No 4º trimestre o lucro foi de R$ 2,8 bilhões, redução de 37,7% em comparação com o trimestre anterior. O retorno sobre o Patrimônio Líquido (ROE) do banco ficou em 10,0%, com decréscimo de 3,1 pontos percentuais em doze meses.
De acordo com o banco, o resultado foi impactado pelas despesas com PDD e contração da margem financeira com clientes.
Emprego
O Bradesco encerrou o 4º trimestre com 86.222 funcionários, com fechamento de 2.159 postos de trabalho em doze meses. No período, foram fechadas 169 agências, 173 postos de atendimento e 77 unidades de negócios.
Somente com a receita com prestação de serviços e renda das tarifas bancárias, receita secundária que somou R$ 28,2 bilhões em doze meses, o Bradesco cobre em 122,4% o total de suas despesas com pessoal, incluindo a PLR.
Reestruturação
Na apresentação do balanço ao mercado, o Bradesco anunciou uma série de mudanças estruturais para 2024 como, por exemplo, alterações no organograma para “acelerar a tomada de decisões” e “aumentar a centralidade no cliente”, com corte de cargos executivos intermediários entre a diretoria e a presidência; mudanças nas áreas de RH e Negócios Digitais, com a separação da estrutura vertical do varejo físico e RH; lançamento de um novo segmento, chamado Afluente; alterações na estrutura de varejo e atendimento; integração de todas as etapas do ciclo de crédito em uma nova área; entre outras.
“O fato de a divulgação do plano estratégico do segundo maior banco do país não incluir os trabalhadores e o movimento sindical nos preocupa e esperamos que o Bradesco se reúna o mais breve possível com a representação dos bancários. Toda e qualquer reestruturação de um banco afeta trabalhadores e também a sociedade. Se por um lado, menciona a importância da cultura e valores, por outro afirma mudanças na estrutura organizacional com maior poder e autonomia para os executivos”, avalia a presidenta do Sindicato e bancária do Bradesco, Neiva Ribeiro.
“Na prática, sabemos como essa situação amplia a pressão sobre os trabalhadores e propicia um ambiente mais tóxico de trabalho. Vale lembrar que foram fechados 2.159 postos de trabalho em 2023 e que o lucro de R$ 16,3 bilhões é incrível, bem acima da média das empresas nacionais. É importante ressaltar também que a queda no resultado do ano passado, na comparação com 2022, sofreu o impacto do que o Bradesco chama de caso pontual. Ou seja, despesa provisionada do caso Americanas”, acrescenta.
A presidenta do Sindicato lembra ainda que a taxa de inadimplência no Bradesco, assim como na economia de forma geral, apresentou queda. "Resultado na melhoria dos indicadores de emprego e renda, além do Programa Desenrola do Governo Federal."
No Bradesco, a taxa de inadimplência superior a 90 dias ficou em 5,1% em dezembro de 2023, com queda de 0,8 p.p. em comparação ao mesmo período de 2022.
Outros números
A Carteira de Crédito Expandida do Bradesco apresentou redução de 1,6% em doze meses, somando R$ 877,5 bilhões em dezembro de 2023, permanecendo estável em relação ao trimestre anterior.
A carteira pessoa física cresceu 1,2% na mesma comparação anual, totalizando R$ 365,4 bilhões e representando 41,7% do saldo total das operações de crédito do banco. Os destaques desse segmento foram o crédito rural (+9,8), financiamento imobiliário (+5,5%), crédito consignado (+3,0%) e cartão de crédito (2,8%).
Já o segmento pessoa jurídica apresentou queda de 3,6% no período, totalizando R$ 511,8 bilhões. O saldo da carteira de grandes empresas obteve queda de 3,0%, o das micro, pequenas e médias empresas registrou queda de 4,8% em 12 meses.