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Pressão por venda causa adoecimentos, diz médica

Linha fina
Maria Maeno, pesquisadora da Fundacentro, participou de seminário Venda Responsável de Produtos promovido pelo Sindicato ao lado do Idec no Dia Mundial do Consumidor
Imagem Destaque

São Paulo – Segundo a médica sanitarista e pesquisadora da Fundacentro Maria Maeno, a categoria bancária figura entre as que mais utilizam benefícios do INSS. E a maioria dos afastamentos, informou, é por problemas psíquicos, ou seja, que demandam um longo tratamento e deixam sequelas. A médica participou da mesa de saúde do seminário Venda Responsável de Produtos, que Sindicato e Idec realizaram nesta quinta-feira 15, Dia Mundial do Consumidor.

> Vídeo: entrevista com Maria Maeno

“A cobrança excessiva por venda a que estão submetidos os bancários são a causa desse adoecimento”, acrescentou o secretário de Saúde do Sindicato, Walcir Previtale (foto), o outro palestrante da mesa.

> Vídeo: entrevista com Walcir Previtale

A pesquisadora da Fundacentro (foto) mostrou como as doenças do trabalho hoje têm uma “multicausalidade”. Antigamente, disse, as doenças eram mais diretamente identificadas com a função exercida pelo trabalhador. “Era o dentista que adoecia pelo contato com o mercúrio dos amálgamas, ou o operário da linha de produção que apresentava problemas de surdez”, exemplificou.

Mas no capitalismo de hoje, disse, é diferente: o trabalhador adoece por conflitos éticos, por estresse, por pressão, por ser humilhado pelos chefes e por introjetar psicologicamente os conceitos da empresa. “A pressão por metas, por exemplo, transformou os bancários numa das categorias que mais apresenta doenças por esforço repetitivo (as LER/Dort). Os conflitos éticos, por sua vez, levam a doenças psíquicas, cardíacas, gástricas, musculares”, citou Maeno para ilustrar como a relação de causa e adoecimento não é tão direta quanto se considerava antes.

A médica também se referiu a outra faceta do problema, que vem sendo debatida por especialistas de todo o mundo: o sequestro da subjetividade do trabalhador pelo empregador. “Os bancos buscam a adesão do trabalhador, que não são mais empregados, e sim ‘colaboradores’. E através da publicidade se vendem para a sociedade como empresas perfeitas, ‘sempre perto de você’, ‘feito pra você’. O trabalhador se sente tão pequeno que muitas vezes não tem coragem de compartilhar seu sofrimento com a própria família.”

Walcir Previtale ressaltou que a categoria consegue ser campeã de auxílios doença e acidentário mesmo que o INSS muitas vezes procure descaracterizar os problemas dos bancários como doenças do trabalho.

Ele citou a pesquisa realizada pelo Sindicato em 2011 que constatou o alto nível de adoecimento: 84% dos bancários consultados disseram ter algum problema de saúde; 65% apontaram o estresse como o principal problema; 52% disseram ter dificuldades para relaxar; 42% apontaram dor e formigamento.

> Clique aqui para ver a íntegra da pesquisa
> Veja a cartilha sobre Venda Responsável de Produtos Financeiros

São sintomas que, acrescentou Walcir, estão relacionados às metas, à pressão, ao assédio moral. “A luta para que os bancos tenham atitudes mais responsáveis em relação às vendas é, portanto, a luta por um ambiente de trabalho melhor e por mais qualidade de vida para o trabalhador”, concluiu.

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Andréa Ponte Souza - 15/3/2012

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