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Trabalhadores organizam protestos por PLR sem IR

Linha fina
Estão programados passeata na Rodovia Anchieta e atraso na abertura de agências na Avenida Paulista. Pressão também deve ser feita por meio do envio de mensagens para os parlamentares
Imagem Destaque

São Paulo – Bancários, químicos, metalúrgicos, petroleiros e urbanitários anunciaram no início da tarde de terça 20 uma agenda de manifestações para chamar a atenção da população e pressionar parlamentares e governo a isentar os trabalhadores do pagamento do Imposto de Renda na Participação nos Lucros e Resultados. A entrevista coletiva foi realizada na sede do Sindicato.

> Vídeo: matéria sobre o anúncio dos protestos

“A isenção do IR na PLR significa mais dinheiro no bolso do trabalhador. E com isso, aumenta o consumo, a demanda e a geração de emprego. E, conseqüentemente, o aquecimento da economia. Além disso, defendemos uma reforma tributária mais ampla. A carga não é alta no Brasil. Ela é injusta. Precisa ser direta e progressiva, de forma que quem ganha mais, pague mais”, afirmou Juvandia Moreira, presidenta do Sindicato.

As mobilizações começam nesta quarta-feira 21, às 7h, com uma passeata na Rodovia Anchieta. A concentração dos metalúrgicos será no KM 14, em frente à portaria da Mercedes. Estima-se que cerca de 20 mil trabalhadores participem do protesto.

Mais tarde, em Brasília, representantes das centrais sindicais reúnem-se às 15h30 com o ministro da Fazenda, Guido Mantega. Entre outros assuntos, representantes das categorias envolvidas aproveitarão o encontro para levar a pauta da PLR sem IR.

No dia 22, quinta-feira, os bancários retardam a abertura das agências bancárias e departamentos dos centros administrativos da região da Paulista. A paralisação terá inicio às 7h. O corredor da Paulista é composto por 43 locais de trabalho. Haverá distribuição de material informativo à população e faixas da campanha serão estendidas nos principais semáforos. Às 11h, em frente ao prédio do Banco Central (Avenida Paulista, 1.804) bancários, metalúrgicos, petroleiros, químicos e urbanitários realizam um grande ato.

Em 27 de março, os trabalhadores dessas categorias vão ao Congresso Nacional, em Brasília, entregar material da campanha e pressionar os parlamentares pela aprovação da PLR sem IR.

Os trabalhadores devem também enviar mensagens via e-mail aos parlamentares (clique aqui). O recado que o Sindicato sugere é: “Parlamentar, aprovar emendas à MP 556 que isentam de imposto de renda a PLR dos trabalhadores é promover justiça social e tributária”.

“Estamos em um período em que as principais categorias começam a negociar a PLR. Essas manifestações somam-se a essa cobrança que os trabalhadores fazem. No ramo químico, toda a categoria tem PLR seja por meio de negociação direta por empresa ou por convenção coletiva de trabalho. A isenção significaria mais dinheiro para que os trabalhadores utilizassem em suas necessidades”, explicou Paulo Lage, presidente do Sindicato dos Químicos do ABC.

“No setor petroleiro, as empresas são intensas em capital, com margem de lucro bastante elevada. Essa forma de remuneração (PLR) é importante para os trabalhadores, principalmente os de menores salários”, ressaltou João Antônio de Moraes, coordenador nacional da Federação Única dos Petroleiros, para quem a opção feita desde 2003 no país pelo mercado interno e não exportador é fundamental para que o país continue crescendo.
 
“A unidade das categorias é importante. Apesar de vivermos em uma democracia, o outro lado (empresários) se articula em torno de seus interesses. E quanto mais nós nos organizarmos, mais vamos ampliar nossas conquistas”, destacou Gentil Teixeira de Freitas, presidente do Sindicato dos Eletricitários de Campinas (STIEEC/Sinergia CUT).
 
“Vamos intensificar o movimento. Em São Paulo, há 13 mil empresas metalúrgicas com alto valor agregado”, afirmou Tadeu Moraes, vice-presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo, salientando a necessidade dessa campanha e a estimava de que R$ 1,6 bi iriam para o bolso da classe trabalhadora no Brasil, caso a desoneração aconteça.
 
“A importância maior é fazer justiça”, afirmou Sergio Nobre, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, ao criticar a desigualdade de tratamento entre a tributação na PLR de trabalhadores e as retiradas de lucro das empresas. “Além disso, estamos em um momento em que a economia está esfriando. E isso preocupa os trabalhadores do nosso setor. A indústria automobilista recuou 19,55% nos dois primeiros meses deste ano na comparação com o mesmo período de 2011. É necessário reaquecer a economia. Não é mais teoria, tem fábrica fechando. Se o governo desonerar os trabalhadores, significa mais consumo e imposto sobre produtos.”

Medida Provisória - A isenção de imposto de renda na PLR está prevista em duas ementas de autoria dos deputados federais Vicentinho (PT-SP) e Paulo Pereira (PDT-SP) à Medida Provisória 556. De acordo com o relator do texto,  deputado federal Jerônimo Goergen (PP-RS), a MP deve ser votada a partir de 25 de março. A MP 556 recebeu 41 emendas, das quais 12 foram aceitas pelo relator.

Além das emendas, dois projetos de lei também buscam a isenção do IR na PLR: um deles do próprio Vicentinho e o outro do ex-presidente do Sindicato e deputado federal, Ricardo Berzoini (PT-SP).


Elisângela Cordeiro - 20/3/2012

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