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Sindicato debate desafios da pessoa com deficiência

Linha fina
Secretária de Saúde da entidade participou de reunião na Prefeitura nesta segunda e diz que maior preocupação é com ascensão profissional dos bancários com deficiência
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São Paulo – Faltam piso tátil e rampas de acesso em agências bancárias e centros administrativos, os banheiros com vasos sanitários muito altos são problemas cotidianos, a não instalação de softwares específicos para pessoas com deficiência visual ou baixa visão é outro empecilho. Enfim, sobram problemas para os bancários com deficiência, seja ela qual for.

Para comunicar um pouco do que vive o trabalhador da categoria bancária com algum tipo de deficiência, a Secretária de Saúde e Condições de Trabalho do Sindicato, Marta Soares, se reuniu nesta segunda-feira 4 com o secretário adjunto da Secretária da Pessoa com Deficiência e Mobilidade Reduzida da cidade de São Paulo, Tuca Munhoz.

O convite foi feito pelo deputado estadual Luiz Claudio Marcolino (PT). Bancário e ex-presidente do Sindicato, o parlamentar sabe bem o que passa a categoria. Segundo Marta Soares, os bancos com mais de mil funcionários devem, por lei, preencher pelo menos 5% de seu quadro funcional com pessoas com deficiência. É o que diz a Lei nº 8.213, de 24 de Julho de 1991, conhecida como Lei de Cotas. “No entanto, esse número não é divulgado pelas instituições financeiras e no dia a dia o que percebemos é uma rotina desgastante para quem é contratado. A obrigação não é apenas admitir, mas manter boas condições de trabalho para o empregado”, ressalta a dirigente.

No encontro também participaram representantes de movimentos sociais. “Apontamos várias questões, inclusive a dificuldade para a ascensão profissional. Já ouvimos de representantes das instituições financeiras que falta mão de obra qualificada, mas contestamos. Afinal, quando o funcionário apresenta qualificação profissional os bancos continuam com a prática da não promoção. Algumas vezes até dá demissão. Essa é a realidade que presenciamos quando esse trabalhador é dispensado e procura o Sindicato ou quando constatada por dirigentes sindicais no local de trabalho”, explica Marta. Segundo a dirigente, muitos gestores “não estão preparados para receber trabalhadores com deficiência nas equipes”.

No encontro, a secretária de Saúde comunicou o grupo sobre as contestações do Sindicato diante de algumas demissões. “Muitos são contratados para ficar nas retaguardas, faltam equipamentos e mobiliário específico, falta acessibilidade em vários locais de trabalho”, relata.

Novo Diálogo - De acordo com o MEC, de 2007 a 2012 o número de matrículas na escola regular de crianças, adolescentes e jovens com deficiência subiu 171%, saindo de 277,4 mil e pulando para 752,3 mil em todo o país. Entre a faixa etária de 4 a 17 anos, que está obrigada a frequentar a escola pela Constituição Federal, o índice é de 82%. Considerando apenas a cidade de São Paulo, já são mais de 15 mil estudantes matriculados na escola regular. “Que empresa esses jovens vão encontrar para trabalhar? Essa deve ser uma preocupação pública, e o Sindicato se preocupa com a situação dessas pessoas que podem se tornar bancários e se deparar com uma realidade difícil dentro das instituições financeiras. Há muita coisa para melhorar”, diz a dirigente.

Marta afirma que o espaço para debates no ambiente político é fundamental para que algo possa ser feito entre empregadores e empregados no intuito de melhorar o ambiente de trabalho. “Essa sustentabilidade divulgada pelos bancos em propagandas não existe na prática. Precisamos dessa abertura política para discutir um assunto que é de interesse público, é cidadania. Esse espaço de apoio e diálogo é produtivo para aplicação de políticas e ações afirmativas e até sugestão dos próprios trabalhadores”, ressalta.

Segundo a dirigente, o objetivo é lutar para ampliar a rede de debates junto ao poder público. “Uma das medidas da atual gestão municipal é a aquisição de 120 ônibus para transporte escolar especial em parceria com o Governo Federal, dentro do programa Viver sem Limites. Isso já é um avanço, até mesmo para trabalhadores bancários que têm filhos com deficiência”.

No encontro, ficou acordado a elaboração de uma agenda permanente entre prefeitura, movimentos sociais, movimento sindical e especialistas sobre o assunto.


Gisele Coutinho – 4/3/2013

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