São Paulo – Assembleia com mais de 10 mil pessoas organizada pelo Sindicato dos Professores em Educação no Ensino Municipal de São Paulo (Sinpeem), na tarde desta terça-feira 21, em frente ao prédio da prefeitura, na região central da cidade, decidiu pela continuidade do movimento grevista da categoria, iniciado no dia 15. Uma nova assembleia já foi marcada para a segunda-feira 27.
Os professores entraram em greve contra a reforma da Previdência no mesmo dia nacional de paralisações convocado por centrais sindicais e movimentos sociais, contra as reformas da Previdência e a trabalhista. "Se eu fosse deputado federal, votaria contra a reforma da Previdência. Nós, profissionais da educação, reunimos sozinhos mais de 50 mil pessoas no dia 15 de março. Estamos nas ruas e vamos ficar até derrubar essa reforma", afirmou o presidente do sindicato, Cláudio Fonseca. "Nosso direcionamento é claro: contra a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 287", completou.
Fonseca afirmou diversas vezes durante o ato que o momento é de "unidade" contra as reformas propostas pelo governo de Michel Temer, que ameaçam direitos históricos conquistados em décadas de lutas e mobilizações do trabalhadores.
A agenda a ser seguida pela categoria deve coincidir com a de outros sindicatos de profissionais em educação, organizados a partir da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE). No sábado 25, profissionais do setor organizam nova manifestação unificada – com trabalhadores da rede pública estadual paulista – com concentração às 10h, no vão livre do Masp, na Avenida Paulista. "Não é hora de divisão. Nosso movimento é nacional e estamos defendendo nossos direitos. O principal no momento é derrubar a reforma da Previdência, para isso, precisamos de visibilidade, trazendo à luta, além dos professores, a comunidade escolar, e os trabalhadores e trabalhadoras", disse.
Uma carta que explica o movimento elaborada pelo sindicato está sendo distribuída por professores de diferentes regiões. "A reforma da Previdência, apresentada pelo governo de Michel Temer (PMDB) e enviada à Câmara dos Deputados como PEC 287, implica em mudanças rígidas nas regras previdenciárias e assistenciais, que atingem a todos os servidores públicos e trabalhadores em geral, indistintamente. Trata-se de um ataque direto e criminoso contra os direitos dos trabalhadores", afirma o manifesto.
A professora e militante do Sinpeem Maria de Lurdes (o nome completo foi mantido em sigilo) defende que a luta contra a reforma da Previdência deve ser ampliada. "Acho importante (a participação de) outros movimentos. Queremos organizar um plebiscito popular para apresentar a reforma da Previdência. Queremos levar a discussão para a comunidade. Além disso, é muito importante denunciar todos os deputados e senadores que ousarem votar qualquer proposta contra nós.
Gustavo Mantovani, professor no bairro do Campo Limpo, na zona sul, avalia que os pais têm apoiado os atos contra a reforma. "É importante apontar a perspectiva de uma greve geral. Só a unidade nos garante vitórias e precisamos agregar outros setores. É fundamental apontar de forma ativa um chamado a outros sindicatos para que paralisem as produções."
Também estão na pauta de reivindicações dos profissionais da educação outros aspectos relacionados ao governo Temer. Eles rechaçam a reforma trabalhista e a proposta de terceirização irrestrita, além da tese do negociado sobre o legislado em acordos entre empregados e empregadores. Outro ponto de crítica é a reforma do ensino médio, que retira disciplinas do calendário escolar e abre a possibilidade da contratação de professores sem diplomação, apenas por "notório saber".