São Paulo - Na noite de terça-feira 27, a caravana do ex-presidente Lula foi alvo de atentado no trajeto entre os municípios de Quedas do Iguaçu e Laranjeiras do Sul, no Paraná. Dois ônibus - um deles levava a imprensa que cobre a caravana - foram atingidos por pelos menos quatro tiros. Antes dos disparos, um dos veículos teve o pneu furado, de forma proposital, por um artefato conhecido como miguelito. O ex-presidente não estava em nenhum dos dois veículos e não houve feridos. A Polícia Militar foi acionada.
A presidenta do Sindicato, Ivone Silva, disse considerar inaceitável o atentado contra a caravana do ex-presidente.
“Não é um atentado somente contra Lula, o PT e toda a esquerda. É uma violência contra a democracia. Contra o direito de todo cidadão brasileiro de ter e manifestar livremente suas posições políticas. Contra a liberdade de expressão. A caravana e seus apoiadores já tinham sido alvo da violência de grupos truculentos, com uso de pedras, socos, ovos e até mesmo chicotes. Provavelmente essa sensação de impunidade, somada ao discurso de ódio propagado por alguns parlamentares, tenha contribuído para que se chegasse a esse limite bárbaro de disparar armas de fogo para calar quem não compartilha das mesmas certezas dos agressores", enfatiza Ivone.
"Infelizmente a violência, a intolerância e o fascismo estão na ordem do dia. O Sindicato, em toda a sua história, sempre defendeu a liberdade de expressão, a livre manifestação e o debate de ideias e projetos. Não podemos aceitar a atual escalada do fascismo no país e é preciso que as autoridades mantenham a proteção e segurança de todos”, acrescenta.
A Frente Brasil Popular, que reúne militantes e entidades em favor da democracia, publicou nota de repúdio contra o atentado à caravana, na qual denuncia a omissão das autoridades em assegurar a segurança do ex-presidente.
“A etapa sul da Caravana foi a única que teve a omissão dos governos estaduais e também do governo federal na garantia de segurança do ex-presidente e no direito dele de ir e vir (...) Calar um ex-presidente da República com agressões e tiros demonstra quão grave é o momento que o Brasil vive. (...) Essas práticas de calar ou eliminar adversários políticos já configuraram em outros graves e difíceis episódios da nossa história e o desfecho foram anos de Estado de Exceção. O País não pode voltar a viver os tempos de chumbo. (...) Por isso, é importante que setores democráticos denunciem, manifestem e lutem contra o crescimento do fascismo”, diz a nota.
Por sua vez, a senadora Gleisi Hoffmann, presidenta nacional do PT, afirmou que os organizadores da caravana denunciaram
às autoridades federais e estaduais, antes do atentado, o crescimento da violência contra a caravana.
“Eu particularmente falei algumas vezes com o ministro Raul Jungmann. Mandamos ofício com o roteiro da caravana ao ministro, por onde nós íamos passar, pedindo apoio da segurança. Mandamos as informações também ao governo do Paraná. Falamos com o comando da Polícia Militar. Todo mundo está sabendo. O fato é que nós não temos proteção. O nível de violência e ódio chegou a um ponto que precisamos da manifestação das autoridades desse país. Qual a manifestação dos ministros da Justiça, da Segurança Pública, da própria Presidência da República, dos presidentes da Câmara e Senado, das autoridades judiciais, do Estado do Paraná? Nós vamos deixar se transformar nisso a política. Um bang bang. As pessoas vão atirar nas outras”, declarou a senadora em coletiva de imprensa.