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Na ONU, Lula alerta para crise do multilateralismo e defende democracia brasileira

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Esse foi o 11º discurso de Lula na Assembleia Geral da ONU (FOTO: Ricardo Stuckert / PR)

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva abriu, nesta terça-feira (23), a 80ª Assembleia Geral da ONU, em Nova York, com um discurso marcado por críticas à atual ordem internacional, à escalada de forças autoritárias e à desigualdade global. Em tom direto, Lula afirmou que o multilateralismo "está em xeque" e acusou potências de imporem sanções unilaterais, o que, segundo ele, tem resultado em uma "consolidação da desordem internacional".

Diversos temas abordados pelo presidente Lula em seu discurso têm sido intensamente trabalhados pelo Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região. Desde o combate às desigualdades por meio da justiça tributária, até a regulamentação das redes e a defesa da soberania e da democracia brasileira. Por conta disso, Neiva Ribeiro, presidenta do Sindicato, avaliou positivamente o discurso feito na ONU.

"O presidente passou uma mensagem muito clara de que o Brasil quer ser protagonista não apenas como defensor da democracia, mas também como articulador de soluções multilaterais para os grandes desafios contemporâneos. Da fome às guerras, da desigualdade à regulação digital. Temos trabalhado todos esses temas na comunicação e na atuação política do Sindicato. Por isso, entendemos como muito positiva a fala proferida por Lula", analisa Neiva Ribeiro.

Democracia em foco

Lula associou a crise do multilateralismo ao enfraquecimento das democracias, citando o avanço de milícias digitais, ataques à imprensa e a exaltação da ignorância. O presidente aproveitou a tribuna para defender a democracia brasileira diante do que chamou de ataques sem precedentes.

Sem mencionar nomes, lembrou da condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro por tentativa de golpe: "Não há pacificação com impunidade. Há poucos dias, pela primeira vez em 525 anos de história, um ex-chefe de Estado foi condenado por atentar contra o Estado Democrático de Direito."

A fala foi recebida com aplausos no plenário. "Diante dos olhos do mundo, o Brasil deu um recado a todos autocratas e aqueles que os apoiam: nossa democracia e nossa soberania são inegociáveis", acrescentou Lula.

Fome e desigualdade

Outro eixo do discurso foi a crítica ao desequilíbrio entre os altos investimentos em guerra e os baixos recursos destinados a combater a fome. Lula destacou o retorno do Brasil ao Mapa da Fome da FAO como país livre da fome em 2025, mas lembrou que ainda há 260 milhões de famintos no planeta.

"A única guerra que todos podem sair vencedores é a que travamos contra a fome e a pobreza", disse, ao citar a Aliança Global contra a Fome e a Pobreza lançada pelo Brasil no G20, já apoiada por 103 países.

O presidente defendeu ainda a redução de gastos militares, o alívio da dívida externa dos países mais pobres e a criação de uma taxação mínima global sobre super-ricos.

Regulação digital

Na ONU, Lula também insistiu na necessidade de uma regulação internacional para o ambiente digital, especialmente para combater a desinformação e proteger crianças. "A internet não pode ser terra sem lei. Regular não é restringir liberdade de expressão. É garantir que o que já é ilegal no mundo real seja tratado assim no ambiente virtual", afirmou.

Segundo ele, o Brasil avançou no tema ao aprovar legislação específica voltada à proteção de crianças e adolescentes no ambiente digital.

'Nada justifica o genocídio em Gaza'

Lula também lamentou a ausência do presidente da Autoridade Nacional Palestina (ANP) presencialmente na reunião, barrada pelos EUA, e afirmou que "nada justifica o genocídio em curso" na Faixa de Gaza.

"Em Gaza a fome é usada como arma de guerra e o deslocamento forçado de populações é praticado impunemente. Expresso minha admiração aos judeus que, dentro e fora de Israel, se opõem a essa punição coletiva. O povo palestino corre o risco de desaparecer", afirmou.

Lula concluiu a fala reforçando a estratégia do Brasil de se posicionar como liderança do Sul Global, em defesa de uma nova ordem internacional mais democrática e inclusiva. "Seguiremos como nação independente e como povo livre de qualquer tipo de tutela", disse.

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