"O rombo das contas públicas não está nem nunca esteve na Previdência Social. O rombo das contas públicas está é no sistema da dívida pública." Segundo a economista Maria Lúcia Fattorelli, o principal problema da economia brasileira está em mecanismos criados pelo sistema financeiro que aumenta lucros e tira benefícios da dívida pública e, por isso, a alimenta.
A reportagem é da Rede Brasil Atual.
Com altas taxas de juros estabelecidas pelo Banco Central (BC), os bancos não conseguem emprestar todo o dinheiro que têm disponível. O BC, então, fica com esses recursos que "sobram", entregando aos bancos títulos da dívida pública. Esse mecanismo retira recursos da economia real e faz com que as taxas de juros cobradas pelos bancos exploda acima de 200% ao ano, garantindo o lucro do sistema financeiro.
Ela diz que o empresariado, em vez de insistir na reforma da Previdência, devia estar lutando para acabar com esse mecanismo, que remunera a sobra de caixa dos bancos e já custa ao país cerca de R$ 1,2 trilhão. Os banqueiros são os únicos que ganham com essa política, segundo Fattorelli.
"O país inteiro perde. A classe trabalhadora perde, a economia real, os empresários, a indústria, o comércio, os serviços, todos perdem. E o país como um todo perde, porque estamos tendo que entregar inclusive as nossas empresas públicas, em privatizações, para pagar essa dívida gerada por esses mecanismos financeiros", diz a economista ao programa Mundo Político, da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (assista abaixo).
Fim da Previdência
O projeto de reforma da Previdência 2019 apresentado pelo presidente Jair Bolsonaro (PSL) seguirá atendendo aos interesses do mercado financeiro. Segundo Maria Lúcia, com o sistema de capitalização que o ministro da Economia, Paulo Guedes, pretende implementar, associado à chamada carteira de trabalho "verde e amarela", o INSS quebra.
Ela diz que esse sistema, que prevê que o trabalhador "contribua" para uma conta individual, numa espécie de poupança particular, sequer pode ser chamado de Previdência, já que não garante ao trabalhador a segurança pretendida durante a velhice. "Qual é a lógica de colocarmos a nossa segurança em aplicações de risco?", questiona a economista.
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