O leilão de concessão do monotrilho da Linha 15-Parta (Vila União/Oratório) do Metrô paulista, realizado no dia 11, teve apenas um concorrente. E como antecipou o Sindicato dos Metroviários, o vencedor foi o grupo CCR, que já opera a Linha 4-Amarela (Luz/Butantã), e venceu recentemente a concessão das linhas 5-Lilás (Capão Redondo/Santa Cruz) e 17-Ouro (Aeroporto de Congonhas/Morumbi), que ainda não está em operação.
A reportagem é da Rede Brasil Atual.
Em parceria com a RuasInvest, que opera linhas de ônibus na capital paulista, o Grupo CCR ofereceu apenas R$ 1 milhão a mais que o mínimo proposto pelo governo de João Doria (PSDB) para obter a concessão. O valor de R$ 160 milhões corresponde a 3% dos R$ 5,2 bilhões gastos na obra do monotrilho – que ainda não está terminado.
Os metroviários ressaltaram o item do edital que exige experiência mínima de 12 meses de operação com Veículos Leves sobre Trilhos (VLT) com transporte de 200 mil passageiros. Só existe uma operação compatível com a exigência: um consórcio da própria CCR, que opera com cerca de 60 mil pessoas por dia no monotrilho do Rio de Janeiro, mais o Metrô do estado da Bahia, com outra empresa. No caso, a RuasInvest.
A operação e manutenção da linha 15 serão concedidas ao grupo pelo período de 20 anos. O valor do contrato é estimado em R$ 4,7 bilhões, o que corresponde à soma das receitas tarifárias de remuneração e de receitas não operacionais, como exploração comercial de espaços livres nas estações. Ao longo de todo o prazo da concessão, o concessionário deve investir R$ 345 milhões no ramal. A concessionária será remunerada com tarifa de R$ 1,70 por passageiro transportado.
Além disso, a demanda da linha 15-Prata é estimada em 400 mil passageiros por dia. Mas isso quando a linha estiver concluída. Doria prometeu entregar mais cinco estações até 2021. Até hoje, o máximo de passageiros transportados em um dia foi de 37 mil. O que vai exigir uma compensação do governo tucano aos concessionários, já prevista em contrato. Isso já ocorre na linha 4-Amarela e também na linha 5-Lilás, que ainda não tem a estação Moema e nem a integração com a linha 17-Ouro.
Os trabalhadores também apontaram os problemas de segurança da linha 15 como um fator que deveria ser determinante para o adiamento da concessão. As composições contam apenas com o sistema CBTC (sistemas de operação e controle dos trens) para evitar colisões entre os trens e, se um trem for desligado, ele deixa de ser percebido pelas demais composições. Esse foi o fator determinante para a colisão entre os trens M22 e M23 em 29 de janeiro.