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Lava Jato fez o Brasil perder 4,4 milhões de empregos

Linha fina
Em live, realizada nesta terça-feira 16, o presidente da CUT, Sergio Nobre, e o diretor técnico do Dieese, Fausto Augusto Jr, apresentaram estudo que comprova que o impacto negativo da condução da operação fez o Brasil perder R$ 172,2 bilhões em investimentos, entre outros prejuízos ao país
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Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil

Nesta terça-feira 16, o presidente da CUT, Sérgio Nobre, e o diretor técnico do Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos), Fausto Augusto Jr, apresentaram um amplo estudo que evidencia os impactos negativos da condução da operação Lava Jato para a economia e o emprego no Brasil. 

De acordo com o levantamento - que consumiu mais de um ano de pesquisas, análises de contratos, documentos oficiais, relatórios, monitoramento de publicações na mídia e modelamento econométrico, tendo como referência a matriz-insumo-produto - a forma como foi conduzida a operação Lava Jato fez com que R$ 172,2 bilhões deixassem de ser investidos no país, 40 vezes mais que os R$ 4,3 bilhões que a Lava Jato alega ter recuperado aos cofres públicos, e destruiu 4,4 milhões de empregos nos mais variados setores, sendo 1,1 milhão somente na construção civil.

Ainda segundo o estudo, só em impostos diretos, que o governo deixou de recolher, o país perdeu mais R$ 47,4 bilhões. Já o impacto negativo nas contribuições sobre a folha salarial foi de R$ 20,3 bilhões, o que prejudicou sobretudo a previdência social. Já a massa salarial no país perdeu R$ 85,8 bilhões, impactando todo o setor de comércio e serviços.   

“Não tem ninguém mais interessado em acabar com a corrupção do que a classe trabalhadora brasileira. O dinheiro desviado pela corrupção é o dinheiro que iria para a saúde, educação, saneamento, segurança, para melhorar a vida dos mais pobres (…) Portanto, o combate à corrupção sempre teve nosso apoio. Porém, a Lava Jato, a pretexto de combater a corrupção, tinha um outro lado, revelado pelas mensagens da Vaza Jato e Operação Spoofing, que demonstraram um projeto político de poder por trás dela, sendo um instrumento de perseguição política”, destacou o presidente da CUT. 

“Desde o início da Lava Jato, nós da CUT, e todo o conjunto do movimento sindical, alertava que a maneira como a operação fazia a apuração de denúncias de corrupção, de forma espetaculosa, expunha a marca das empresas e colocava em risco o futuro das mesmas, dos empregos, e poderia quebrá-las .A gente já dizia que quem comete crime não é a empresa, são as pessoas. Quem tem de ser investigado, garantido o direito de defesa, são as pessoas, mas empresas e empregos devem ser preservados (…) Ninguém vai fazer investimento, ou fazer um contrato, com uma empresa exposta como corrupta, que tudo nela é ilícita, nos telejornais. E isso foi feito, sobretudo, com a Petrobras, uma empresa estratégica para o país. E também com o setor de construção e engenharia, que estava se internacionalizando e foi destruído”, acrescentou. 

Para Sérgio Nobre, a destruição provocada pela Lava Jato deve ser objeto de investigação. “Questionávamos como que alguém - com o sistema de controle de movimentação financeira existente, tão eficiente - conseguia movimentar bilhões de um lado para o outro e não tinha sistema financeiro nesse negócio, não tinha banco envolvido. Na época, o Sergio Moro respondeu que não fez uma investigação sobre o sistema financeiro, sobre os bancos, porque havia risco de crise sistêmica. O que é verdadeiro (…) Agora, porque não existiu esse cuidado com a Petrobras e o setor de construção. Isso, no mínimo, merece uma investigação. Ninguém, em lugar nenhum do mundo, destrói uma empresa do porte da Petrobras e um setor inteiro como a construção civil sem servir possivelmente a interesses de países estrangeiros, de multinacionais. No capitalismo não tem bobo. Quando você destrói um setor inteiro, alguém ocupa."

O presidente da CUT afirmou ainda que, além dos impactos nefastos na economia e no emprego, a Lava Jato serviu ao projeto político do atual governo. 

“Se Bolsonaro hoje é presidente, a Lava Jato tem grande responsabilidade. Quando falamos desse momento triste que o povo brasileiro está vivendo, que daqui a pouco chegaremos a 300.000 mortos, nós temos que lembrar quem contribuiu para esse estado de coisas. Se não fosse a construção que eles fizeram, Bolsonaro não era presidente, nós não estaríamos com um governo negacionista, com o povo morrendo. Mais da metade dessas mortes poderia ter sido evitada se não fosse o comportamento genocida que o Bolsonaro tem, de não incentivar a vacina, o uso da máscara. O desemprego, os 14 milhões de desempregados que temos nesse país (…) Os crimes cometidos, o projeto de poder está ficando claro. Tanto é que o STF tomou a decisão que faz justiça ao presidente Lula, com a anulação dos seus processos. Já falávamos isso, que o presidente jamais poderia ter sido investigado pela Lava Jato. A única razão de ter sido incluído e condenado foi para tirá-lo das eleições de 2018”, enfatizou Sérgio. 

Por sua vez, após apresentar os resultados do estudo, Fausto Augusto Jr, diretor técnico do Dieese, apontou que a Lava Jato teve papel fundamental na mudança do modelo econômico e social que foi aplicado no ciclo de governos progressistas no Brasil.  "O melhor jeito de aquecer a economia é fazer o dinheiro rodar, reativar o consumo, a produção. É isso que temos falando há muito tempo, e que estudos demonstram, mas o projeto de agora é enxugar o recurso do trabalhador em momentos de crise. O que precisa ser enfatizado é que a lava jato foi fundamental para desconstruir o modelo que estava sendo construído.” 

O estudo, que terá sua íntegra publicada em livro a ser lançado em abril, será entregue pela CUT nas mãos dos presidentes da Câmara dos Deputados e do Senado, dos ministros do STF, (Supremo Tribunal Federal), de entidades nacionais e internacionais e de organizações representativas da sociedade. 

“Esse números [apresentados no estudo] devem ser de domínio público, tem que ser objeto de debates. Seguramente, se a operação Lava Jato não tivesse tido o papel que teve, se tivesse preservado as empresas, se não tivesse se tornado instrumento de perseguição política, com certeza não teríamos os 14 milhões de desempregados que temos hoje (…) É importante que a classe trabalhadora saiba quem foi que quebrou o Brasil, quem empurrou o país para a crise e é responsável pela situação em que estamos. Nós temos todo interesse do mundo no combate à corrupção, mas não foi isso que a Lava Jato fez. Quando criticamos a Lava Jato é porque ela foi um instrumento de entrega da soberania do país e de destruição de empregos”, concluiu Sergio Nobre. 

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