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Chapéu
Quem deve, teme!

Nubank demite e paga por silêncio de ex-empregados

Imagem Destaque
Arte em desenho mostra um homem vestido de terno recusando uma quantia de dinheiro

O Nubank promoveu a demissão de vários empregados no dia 10 de março e apresentou aos dispensados um “pacote de benefícios de desligamento” em troca do silêncio para qualquer manifestação difamatória à empresa. A informação foi divulgada pelo jornal Valor Econômico.

O número de demitidos não foi divulgado, mas notícias estimam em aproximadamente 40 trabalhadores.

A proposta apresentada aos dispensados consiste em um salário adicional e extensão de três meses de plano de saúde àqueles que concordarem em não falar mal da instituição, o que implica em não fazer qualquer tipo de comentário que possa prejudicar a imagem da empresa.

“Além de demitir, o Nubank quer impedir seus empregados de denunciarem os problemas enfrentados no seu ambiente de trabalho. Um contrassenso da mesma empresa que alega ser ‘simples e tecnológica, mas também humana e calorosa’.”

Neiva Ribeiro, secretária-geral do Sindicato

A situação levanta algumas questões: o que a empresa pretende esconder com a proposta oferecida aos ex-empregados? Que tipo de ambiente de trabalho é imposto aos trabalhadores? E, por último, a proposta de não expor eventuais problemas é porque existe de fato algo para se falar mal?

Convêm ressaltar que o Nubank não é banco, e sim uma fintech. Como tal, pode operar com regras bem mais flexíveis, mesmo executando atividades típicas de uma instituição financeira.

Procure o Sindicato!

O Sindicato dos Trabalhadores em Empresas do Ramo Financeiro de São Paulo, Osasco e Região se solidariza com esses trabalhadores e se coloca à disposição para auxiliá-los e apoiá-los, por meio da Central de Atendimento remota, pelo (11) 3188-5200, via chate-mail e WhatsApp (11 99930-8483), canais que funcionam das 9h às 18h.

A entidade enfatiza ainda a importância de procurar orientação jurídica e auxílio para a conferência das verbas rescisórias.

Órgãos fiscalizatórios, como o Ministério Público do Trabalho, também poderão ser acionados para denunciar as condições da proposta apresentada pela empresa e outras questões relacionadas ao trabalho.

Extrapolação dos limites da razoabilidade

A prática de tentar silenciar os empregados demitidos não é usual e, para o movimento sindical, extrapola os limites da razoabilidade.

No momento em que todas as empresas buscam adotar e aprimorar práticas de responsabilidade e comprometimento com seus clientes, empregados e investidores, o Nubank vai contra a tendência do mercado para a implementação de práticas ESG, a sigla em inglês para Environmental (Meio ambiente), Social (Social) e Governance (Governança).

O interesse na busca pelo termo ESG no Brasil praticamente triplicou nos últimos 12 meses até fevereiro de 2022. As procuras pelo tema cresceram 150% na comparação aos 12 meses anteriores, de acordo com levantamento do Google Trends feito a pedido do Valor Econômico. O Brasil foi o país latino-americano que mais pesquisou pela sigla ESG nos últimos 12 meses.

Direito de expressão e reparação devem ser garantidos

Neiva Ribeiro acrescenta que o trabalhador deve ter seu livre direito de expressão garantido, principalmente para manifestar sua insatisfação e denunciar o que ocorreu durante o seu contrato de trabalho, inclusive informando sobre possíveis desrespeitos às leis, dentre outras questões.

A dirigente ressalta que o trabalhador deve ter garantida a plena liberdade para reclamar por melhores condições de trabalho, denunciando problemas e reivindicando reparação.

“Portanto, não podemos nos calar. Temos que unir esforços para combater toda e qualquer irregularidade praticada pelas instituições do ramo financeiro”, finaliza a secretária-geral do Sindicato.

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