Representantes de sete federações de trabalhadores do ramo financeiro de todo o país reuniram-se na 7ª Conferência Nacional dos Financiários, e aprovaram a pauta de reivindicações. O encontro ocorreu nesta terça-feira 26, na sede da Contraf-CUT.
Após ratificado pela categoria, por meio de assembleias organizadas pelos sindicatos, a pauta de reivindicações será entregue e negociada com a Fenacrefi, sindicato patronal que representa as financeiras. O objetivo é a renovação da Convenção Coletiva de Trabalho – instrumento onde estão clausulados todos os direitos e benefícios da categoria.
“É difícil mobilizar as financeiras [para se sentaram na mesa de negociação]. Hoje temos um número que não chega a sete mil representados pela nossa Convenção Coletiva de Trabalho, de um total de um milhão de trabalhadores que operam crédito. É um trabalho árduo, difícil, e a Fenacrefi também passou por mudanças. Vamos aproveitar o máximo da nossa experiência para organizar o ramo financeiro, levando em consideração a transformação que o setor vem passando, e que também nos faz pensar em um novo modelo de sindicalismo”, enfatizou Jair Alves, coordenador do Coletivo dos Financiários da Contraf-CUT.
Principais pontos da pauta aprovada
- Reajuste salarial e da PLR pelo INPC/IBGE auferido entre junho de 2023 e maio de 2024, mais aumento real de 5%;
- Aumento do valor da parcela adicional da PLR, com a proibição da compensação de valores dos programas próprios;
- Aumento diferenciado nos vales alimentação e refeição pelo INPC de junho de 2023 a maio de 2024, mais 7% de aumento real (cálculo que leva em consideração a inflação da alimentação fora de casa e domiciliar);
- Manutenção de todas as cláusulas sociais garantidas pela CCT atual, com avanços e melhorias; como períodos maiores de estabilidade no emprego;
- Cláusula de prevenção ao assédio moral e sexual;
- Igualdade de oportunidades;
- Vigência de dois anos da CCT – a convenção vigente tem validade de 1º de junho de 2022 a 31 de maio de 2024. A data-base (período do ano em que patrões e empregados representados pelos sindicatos se reúnem para negociar a CCT) da categoria financiária é 1º de junho;
- Auxílio-transporte/auxílio-combustível para deslocamento noturno;
- Vale-transporte com percentual diferenciado e mais vantajoso ao empregado;
- Abrangência da CCT para todos os empregados que atuam em financeiras, prestadoras de serviços de crédito, administradoras de cartões de créditos, promotoras de venda e crédito, sociedades de crédito imobiliário, associações de poupança e empréstimo, empresas de arrendamento mercantil etc.;
- Folga assiduidade de 5 dias por ano;
- Definição de regras para o teletrabalho, incluindo ajuda de custo de R$ 500 por mês, a ser reajustado;
- Garantia de as empresas concederem vacinas contra gripes e demais epidemias, a empregados e dependentes.
Durante a conferência, também foi aprovada a arte da comunicação da campanha, visando a mobilização e a participação da categoria; e o calendário para as próximas etapas.
- 9 e 10 de abril: assembleias deverão ser realizadas pelos sindicatos a fim de aprovar, junto às suas bases, a minuta que foi aprovada na conferência; e autorizar os sindicatos a negociar com a Fenacrefi;
- Até o fim de abril: entrega da pauta à Fenacrefi. A partir daí será reivindicado um calendário para início das negociações.
A 7ª Conferência Nacional dos Financiários representa mais uma etapa da Campanha Nacional 2024, que teve seu início com a Consulta Nacional, realizada de 11 a 23 de março.
Consulta Nacional
Os resultados da Consulta Nacional foram o tema da primeira mesa do evento. A economista Catia Uehara, do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), apresentou as preferências da categoria para a campanha.
Dos respondentes, 81,3% priorizam aumento real no salário, 72,5% escolheram reajuste diferenciado no VA e no VR e 62,1% responderam aumento da PLR. Cada respondente poderia escolher até três itens.
Nas questões sociais, as três opções mais citadas foram manutenção de direitos (61%), igualdade de oportunidades (29,7%) e melhores das condições de trabalho (27,5%).
Para conquistar tudo isso, 91% dos trabalhadores que responderam à pesquisa acreditam que a responsabilidade é de todos os financiários e estão dispostos a: conversar com colegas de trabalho sobre as reivindicações da categoria (43,4%), participar de reuniões e assembleias (39,6%) e participar de protestos e manifestações virtuais, como tuitaços e campanhas por redes sociais (32,4%).
Neste ano houve um aumento significativo na participação da consulta.
Perfil da categoria financiária
Durante a conferência foi traçado um perfil da categoria, baseado na Relação Anual de Informações Sociais (Rais), do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE). Os dados revelam que em 2022, ano da última publicação da Rais, a categoria atingiu seu maior patamar histórico, com 8.381 trabalhadores. A distribuição entre sexo é equilibrada: 51% mulheres e 49% homens. A maioria dos trabalhadores (70%) possui entre 30 e 49 anos e ensino superior completo (87,7%).
“A Campanha Nacional dos Financiários é uma etapa muito importante no sentido de garantir e ampliar os direitos dos trabalhadores de empresas financeiras. Precisamos estar organizados para uma campanha forte e que resulte na ampliação de direitos. E eles devem estar mobilizados para garantir seus direitos e conquistar a renovação da Convenção Coletiva de Trabalho”, afirma Ana Marta Lima, diretora executiva do Sindicato dos Bancários de São Paulo.