Quebrar tabus e discutir melhores condições de trabalho e saúde para as mulheres são alguns dos objetivos da Campanha 3M´s: Menstruação, Maternidade e Menopausa, lançada pela UNI Global Union neste mês de março, em que se comemora o Dia Internacional da Mulher (8 de março).
“Dos três M´s, apenas a maternidade é mais divulgada, abordada pelo movimento sindical e protegida por normas internacionais. No entanto, muitas mulheres e pessoas que menstruam enfrentam barreiras no trabalho em relação à falta de acesso a saneamento adequado, quando isso não se torna mesmo um obstáculo à sua permanência no local de trabalho. A ausência de instalações sanitárias limpas e privadas tem implicações diretas em problemas de saúde, como infecções e doenças renais. As pessoas que menstruam precisam de espaços onde possam administrar suas necessidades de higiene de forma discreta e confortável, sem medo de constrangimento ou exposição. Coisas como o acesso à água limpa para se lavar, por exemplo, são necessidades básicas e vitais, mas que muitas vezes são negligenciadas no local de trabalho”, destaca Andrea García, coordenadora de Igualdade de Oportunidades da UNI Américas.
Outro tema negligenciado, continua Andrea, é a menopausa. “Em termos de menopausa, é preciso, acima de tudo, superar os estereótipos que a envolvem e que causam vergonha e assédio às trabalhadoras, como o fato de se referir às mulheres nessa fase como inúteis e improdutivas. Há ainda a necessidade de se garantir acesso à saúde nessa fase, em que as mulheres passam por mudanças hormonais."
“Embora sejam experiências biológicas naturais, os três M's continuam sendo assuntos tabus em muitas culturas e locais de trabalho. No entanto, eles têm um impacto significativo no desenvolvimento da carreira das trabalhadoras que os vivenciam. É essencial que os sindicatos analisem a segurança e a saúde ocupacional a partir de uma perspectiva de gênero. Essa abordagem reconhece que as diferentes tarefas, papéis e estereótipos sociais atribuídos às trabalhadoras, juntamente com as expectativas e responsabilidades impostas a elas, podem aumentar sua suscetibilidade a determinados riscos físicos e psicológicos. E isso exige a adoção de políticas de saúde ocupacional personalizadas e estratégias de prevenção e controle para lidar com esses riscos específicos de gênero”, acrescenta Verónica Fernández Méndez, chefa mundial do Departamento de Igualdade de Oportunidades da UNI Global Union.
O Sindicato dos Trabalhadores do Ramos Financeiro de São Paulo, Osasco e Região, que é filiado à UNI Global Union, também participa da Campanha.
“Nossa luta não se resume somente à nossa Campanha Nacional Unificada, se estende pela ampliação dos direitos para todos os trabalhadores e trabalhadoras e por um país mais justo e igualitário. Como Sindicato Cidadão, temos de intervir na sociedade. As questões como maternidade, menstruação e menopausa, tratamos como questões trabalhistas porque fazem como parte da luta pela igualdade de oportunidades. É preciso ter ambientes de trabalho adequados a todas as pessoas, e canais para ouvir mulheres em suas mais diferentes fases, para auxiliá-las em suas reais necessidades”, diz a presidenta da entidade, Neiva Ribeiro.