
São Paulo – “O Brasil é um dos exemplos mais brilhantes de redução da pobreza na última década.” A afirmação está no mais recente relatório do Banco Mundial, intitulado Prosperidade Compartilhada e Erradicação da Pobreza na América Latina e Caribe, segundo o qual a pobreza extrema no país caiu de 10% para 4% entre 2001 e 2013.
Segundo o estudo, o país conseguiu praticamente eliminar a pobreza extrema e fez isso mais rápido que seus vizinhos de continente. Até 1999, Brasil e América Latina tinham índices de pobreza semelhantes, cerca de 26%, mas a partir de 2012 o Banco Mundial começou a observar redução maior no território brasileiro: 9,6% ante 12% do restante do continente.
O documento assinala também que a maior queda da extrema pobreza ocorreu nas regiões Norte e Nordeste e na zona rural do país. E que a pobreza multidimensional (ou crônica) caiu de 6,7% para 1,6% da população entre 2004 e 2012, ou seja, queda de 76% em oito anos. O conceito de pobreza multidimensional considera, além da renda, outras privações: se crianças e adolescentes até 17 anos estão na escola, os anos de escolaridade dos adultos, o acesso à água potável e saneamento, a eletricidade, as condições de moradia e o acesso a bens como telefone, fogão e geladeira.
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Causas – O estudo atribui o bom desempenho do país na redução da pobreza ao crescimento econômico a partir da década de 2000, a projetos sociais de distribuição de renda e erradicação da miséria como o Bolsa Família e o Brasil sem Miséria, do governo federal, além do aumento significativo do emprego formal e a evolução do salário mínimo que de 2002 (R$ 200) até março de 2015 (R$ 788) acumula ganho real de 76,54%.
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“O crescimento, modesto mas contínuo, tornou-se mais inclusivo graças a políticas fortemente enfocadas na redução da pobreza e a favor de um mercado de trabalho forte”, afirma o relatório.
Mas o Banco Mundial adverte: “Embora o país tenha eliminado quase por completo a pobreza extrema na última década, 18 milhões de brasileiros continuam vivendo na pobreza, um terço da população não conseguiu acessar a classe média e se mantém economicamente vulnerável”.
Muito a avançar – De acordo com o estudo, ao todo 25 milhões de pessoas deixaram de viver na pobreza (extrema ou moderada) na América Latina e Caribe, o que significa que uma em cada duas pessoas saiu da miséria na região. Ainda assim, Brasil e México abrigam a metade da população latino-americana extremamente pobre: mais de 75 milhões de pessoas.
O relatório destaca ainda a desigualdade social acima da média no Brasil, onde 13% da renda no país ficam nas mãos de 0,1% da população, e 11% da renda estão com os 40% mais pobres.
Diante dessa disparidade, o Banco Mundial recomenda uma reforma tributária que favoreça os mais pobres e na qual os tributos não recaiam sobre o consumo, para onde vai a maior parte da renda da população mais carente.
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Redação, com informações do El País e do MDS – 23/4/2015
