São Paulo – Com atraso no pagamento dos salários, inclusive do 13º de 2014, e falta de equipamentos e insumos para o atendimento à população, os médicos se uniram a enfermeiros e demais profissionais de saúde, além de pessoal administrativo, em um abraço simbólico ao prédio da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo na manhã de quarta 1°.
A instituição filantrópica está em crise financeira há anos, agravada em julho passado, quando chegou a fechar o pronto-socorro por 30 horas. Estratégico para o atendimento pelo Sistema Único de Saúde (SUS) em São Paulo, seu hospital atende a 1,5 mil pessoas diariamente apenas no serviço de emergência. Desde então, a situação não se normalizou. Conforme o Ministério Público Estadual, que investiga a crise, há indícios de irregularidades.
De acordo com o presidente do Sindicato dos Médicos de São Paulo, Eder Gatti, há na Santa Casa 1,5 mil médicos, e 500 estão com os salários atrasados e nenhum recebeu o 13º. A superintendência, conforme afirma, chegou a sugerir o parcelamento da dívida trabalhista do hospital em 36 meses.
Para ele, a manifestação de hoje foi além dos aspectos trabalhistas e salariais. “Defendemos mudanças na administração, que funciona praticamente nos mesmos moldes há mais de quatrocentos anos”, diz. “Sem modernização, transparência e agilidade, é impossível resolver os graves problemas.”
A Santa Casa é administrada por um modelo filantrópico baseado numa comissão deliberativa chamada Mesa de Irmãos, que delega a gestão para um superintendente. Para Gatti, trata-se de uma estrutura que deixou de funcionar principalmente a partir da criação do SUS, há 27 anos, quando passou a ser uma prestadora de serviços para o sistema público.
"Isso exige a modernização da gestão, já que a Mesa de Irmãos não é formada por pessoas especializadas em gestão hospitalar. A proposta que defendemos é que a Mesa se torne uma instância consultiva, e não deliberativa."
A assessoria de imprensa da Santa Casa informou que a direção não vai se pronunciar a respeito.
Cida de Oliveira, da Rede Brasil Atual - 2/4/2015
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Para sindicato da categoria em São Paulo, antes de defender os direitos trabalhistas é preciso lutar pela manutenção da instituição; cujo pronto-socorro atende diariamente a 1,5 mil pessoas
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