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Instituto do Câncer veta cirurgias por falta de verbas

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Segundo o hospital, o atendimento de 40 pessoas foi rejeitado desde o dia 10 de abril por falta de recursos enviados pela prefeitura de São Paulo
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Foto: Divulgação

São Paulo – Pacientes que deveriam ser atendidos pelo Instituto do Câncer Doutor Arnaldo, na região central da capital paulista, tiveram pedidos de cirurgia recusados pelo hospital. Segundo a entidade, o atendimento de 40 pessoas foi rejeitado desde o dia 10 de abril, pois os recursos enviados pela prefeitura de São Paulo não seriam suficientes para atender a demanda.

Em entrevista à repórter Camila Salmazio, da Rádio Brasil Atual, o diretor do Instituto, Pascoal Marracini, explica que nos últimos sete meses a demanda por cirurgias dobrou, porém, os repasses de recursos da prefeitura de São Paulo não acompanharam o aumento da procura. "Hoje, a nossa verba é para 130 cirurgias, mas o hospital tem feito 260 internações cirúrgicas, ou seja, o dobro. Em função desse não pagamento do excedente, a diretoria tomou a decisão de redirecionar os pacientes."

José Reginaldo de Holanda, de 59 anos, foi encaminhado pela Unidade Básica de Saúde (UBS) da sua região ao Instituto Doutor Arnaldo, após ter sido diagnosticado com um tumor na próstata. Quando chegou ao hospital, soube que atendimento foi recusado pela instituição. "Chegando lá disseram que eu não poderia fazer mais a cirurgia porque não estavam recebendo mais o repasse da verba da prefeitura", conta.

O Instituto é o único centro de referência em alta complexidade para oncologia que atende 100% pelo SUS na capital. "No ano passado, o hospital notificou a antiga administração, mas nada foi feito. Quando chegou janeiro deste ano, a atual gestão foi notificada, um pedido de aumento financeiro do teto do hospital foi encaminhado à Brasília, mas o Ministério da Saúde não liberou o recurso para nós."

De acordo com a assessoria de imprensa do ministério, o valor de R$ 8,6 bilhões é destinado anualmente para serviços de atenção à saúde em São Paulo. A pasta informa que a gestão desses recursos é de responsabilidade dos estados e municípios. 

Com um caso greve de câncer no estômago, Maria Aparecida de Souza, de 51 anos, procurou a ouvidoria do município no dia 11 de abril para registrar queixa pela recusa do atendimento. Ela ainda não obteve respostas.

Além da angústia pela espera de atendimento, Maria relata que convive com a dor diária causada pelo tumor de 4 centímetros. "Eu vou controlando, mas não estou tomando medicamento porque não foi diagnosticado nenhum para mim. Eu controlo na alimentação para não sentir dor."

Em nota, a Secretaria Municipal da Saúde informou que estuda um redirecionamento de verbas para rever o contrato de atendimento da unidade. A pasta também se comprometeu a reagendar a cirurgia dos pacientes não atendidos pelo hospital em outros prestadores parceiros, mas não fixou um prazo. 

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