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Chapéu
LINHA 5-LILÁS

Ex-presidentes do Metrô paulista viram réus pelo caso dos 26 trens sem uso

Linha fina
Reportagem da RBA de 2016 mostrava composições paradas e deteriorando por terem sido compradas sem que a companhia tivesse condições de utilizá-las
Imagem Destaque
Foto: Sindicato dos Metroviários

São Paulo – Ex-presidentes da Companhia do Metropolitano de São Paulo (Metrô) se tornaram réus na Justiça paulista. Entre os acusados estão o atual secretário de Transportes do governo Alckmin, Clodoaldo Pelissioni, e o chefe de gabinete da prefeitura de São Paulo, Sergio Avelleda, que foi secretário de Mobilidade e Transportes na gestão de João Doria. Ambos já foram presidentes do Metrô.

Eles responderão por improbidade administrativa pela compra de 26 trens para a linha 5-Lilás (Capão Redondo-Chácara Klabin) em 2011, quando ainda não havia condições de uso para as composições. Como a RBA mostrou em abril de 2016, os trens ficaram parados em desvios no trajeto, deteriorando e expostos a intempéries por, pelo menos, quatro anos. As composições foram adquiridas por R$ 630 milhões. A reportagem é da RBA.

Entre os problemas na aquisição das composições estavam: o trecho da linha em funcionamento era curto e não comportava a operação de mais composições – a primeira estação da ampliação do trecho foi Adolfo Pinheiro, inaugurada somente em 2014, e as demais foram abertas entre o final de 2017 e a primeira semana de abril deste ano; a bitola (espaço entre as rodas) dos trens é diferente da bitola da via férrea de todo o sistema do Metrô; e o sistema operacional dos trens novos é incompatível com o da via.

Também constam como réus Jurandir Fernandes, ex-secretário dos Transportes Metropolitanos; Laércio Mauro Biazotti, ex-diretor de planejamento do Metrô; David Turbuk, ex-gerente de concepção e projetos de sistemas no Metrô; e Jorge José Fagali, Peter Berkely Bardram Walker, Luiz Antonio Carvalho Pacheco e Paulo Menezes Figueiredo, todos presidentes do Metrô entre 2008 e 2015.

"Total incompetência"

Na denúncia, o promotor de Justiça do Patrimônio Público Marcelo Milani avaliou que, no mínimo, houve má gestão. “É uma total incompetência. Não dá para deixar chegar aonde chegou”, afirmou à época. Ele pediu a condenação dos acusados por improbidade administrativa e devolução de R$ 799 milhões. Para o promotor, os acusados tinham ciência dos problemas e “assinaram o trato mesmo sabendo que causaria prejuízo à companhia”.

A decisão pela aceitação da denúncia foi do juiz Adriano Marcos Laroca. Para ele, o envolvimento dos ex-presidentes e diretores do Metrô se deveu “à omissão, diante do alegado descalabro administrativo da situação, demonstrando também uma ineficiência administrativa”.

Nos vídeos divulgados pela RBA, era possível identificar as composições P21, P12, P34, P15, P22, P10, P19, P20, P11, P18 e P02. Todas paradas no pátio Capão Redondo. Outras, como a P16, estavam estacionadas em desvios no trecho de circulação. 

Segundo os metroviários, havia ainda dez trens da frota P parados na fábrica da CAF, em Hortolândia, interior de São Paulo, pela qual o governo Alckmin pagava aluguel.

Outra preocupação dos trabalhadores é que vinha ocorrendo oxidação e desgaste na parte externa dos trens, por conta da exposição às intempéries. Além disso, componentes sem uso se degradam, levando à possibilidade de os trens apresentarem falhas ao serem colocados em uso.

“É dinheiro público jogado fora. Não tem planejamento, não tem prioridade ao transporte público. Agora precisa ver qual foi o objetivo de gastar tanto dinheiro em uma coisa que não poderia ser utilizada pela população”, afirmou à época o presidente do Sindicato dos Metroviários, Altino de Melo Prazeres Júnior.

A ferrovia está sendo construída desde 1998, quando era a Linha F da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM). Após inúmeras alterações no prazo de entrega das 17 estações, que vão ligar o Capão Redondo à Chácara Klabin, integrando-se com a Linha 2-Verde, a previsão atual de conclusão é para o final deste ano.

 

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