São Paulo – Uma história que se mistura com a do país, que atravessou momentos difíceis de restrições aos direitos e à liberdade dos cidadãos, mas que sempre esteve à frente das principais lutas travadas no Brasil, em defesa dos trabalhadores, da população e da democracia. Esta é a trajetória do Sindicato dos Bancários e Financiários de São Paulo, Osasco e Região, que completou de 95 anos nesta segunda-feira, 16 de abril.
Em cerimônia para comemorar a data (veja fotos abaixo), na sede (Rua São Bento, 413, Centro) a presidenta e ex-presidentes destacaram que mais uma vez a atuação do Sindicato será decisiva para impedir retrocessos no país, que caminha para um Estado de Exceção, com presos políticos e com retirada dos direitos dos trabalhadores.
“Para mim é uma grande emoção estar à frente do maior sindicato dos bancários do Brasil e um dos maiores do mundo. Daqui a cinco anos faremos 100 anos, e fico imaginando o que eu quero para esse futuro próximo. Quero democracia, com liberdades individuais e coletivas, quero nossos direitos como trabalhadores e cidadãos respeitados. Não quero viver em um Estado de Exceção como o que estamos tendo agora”, disse a presidenta do Sindicato, Ivone Silva.
Ela lembrou ainda que, com o golpe, o que está em jogo é a soberania nacional. “A luta pela democracia passa pela defesa do nosso patrimônio. Estão fatiando e vendendo a Petrobras, a Eletrobras, querem privatizar Caixa e BB”, criticou.
“Este é um dos anos mais decisivos para a resistência e para a defesa de nossos direitos e da democracia. E vamos para as ruas, junto com os movimentos sociais, defender nossos direitos de escolher o presidente e defender a renovação do Congresso, com a eleição de parlamentares comprometidos com os trabalhadores”, acrescentou.
Após a cerimônia, no auditório azul, a comemoração ainda continuou em frente ao Sindicato, com show da Banda Ritz, que também anima as mobilizações de greves da categoria bancária. A presidenta Ivone Silva também participou do MB, que nesta edição especial, contou com a participação de bancários dos principais bancos, além de sorteios de prêmios a sindicalizados (veja abaixo).
A ex-presidenta da entidade e atual presidenta da Confederação dos Trabalhadores do Ramos Financeiros (Contraf-CUT), Juvandia Moreira, lembrou, na cerimônia, que a defesa da democracia foi o tema da festa de 90 anos da entidade, em 2013. “Não imaginávamos o Estado de Exceção que estaríamos vivendo hoje. O Sindicato já passou por cinco intervenções e a última dela foi há apenas 35 anos. Ou seja, nossa democracia ainda é frágil, e a gente vê mais uma vez a história se repetindo”, afirmou a dirigente, que presidiu a entidade entre 2011 e 2017.
“Mas como disse o presidente Lula, não se prendem ideias. E a ideia de que os cidadãos não podem passar fome, não podem viver nas ruas, sempre foi a que nós defendemos e vamos continuar defendendo. Vamos continuar construindo juntos mais esse período da nossa história, com defesa da democracia, com nenhum inocente preso, ninguém assassinado por defender direitos como foi Marielle. Vamos lutar por liberdade para Vaccari, por Lula livre e justiça para Marielle”, acrescentou Juvandia.
Luiz Claudio Marcolino, que presidiu o Sindicato entre 2005 e 2011, destacou que a entidade e os trabalhadores já passaram por momentos difíceis, como foram os anos de FHC na Presidência do país (1995 a 2002), com privatizações e retirada de direitos. “Passamos oito anos sem aumento real. Só com a eleição do presidente Lula (2003 a 2010), que voltamos a ter diálogo, e tivemos oito anos consecutivos de aumento real e conquistas, como a parcela adicional na PLR.” Veja as principais conquistas da categoria nas páginas centrais.
Marcolino lembrou que nenhum período é fácil para a luta dos trabalhadores. “Só conquistamos direitos com unidade e com apoio de outros sindicatos. E é isso que devemos continuar construindo agora, inclusive nos aproximando ainda mais dos movimentos sociais nessa luta pela democracia ameaçada.”
Outro ex-presidente do Sindicato, Gilmar Carneiro (1988 a 1994) também destacou o período difícil do governo Fernando Henrique Cardoso, com sua agenda neoliberal de privatizações e arrocho salarial. “Nós passamos por isso e vamos continuar resistindo e fazendo a luta, com planejamento.”
O presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT), o bancário Vagner Freitas, também destacou a luta pela libertação de Vaccari e Lula. “Eles estão presos porque ousaram questionar a classe dominante, porque ousaram fundar um partido, fundar uma central sindical. Porque questionam que o FMI, a Otan, EUA e Japão comandem a economia mundial. Lula e Vaccari estão presos porque, junto conosco, lutam pelos direitos dos trabalhadores.”
Vagner também ressaltou que o golpe tem a intenção de acabar com os sindicatos. “O que está em risco são os direitos dos trabalhadores e a democracia. Vocês já repararam que o Jornal Nacional não fala mais de Lula? A Globo quer naturalizar sua prisão. Mas nossa tarefa vai ser lutar pela sua liberdade e pelo direito dele ser candidato.”
Também participaram da cerimônia o presidente da CUT São Paulo, Douglas Izzo, a presidenta da UNI Finanças Mundial e diretora executiva do Sindicato, Rita Berlofa, o presidente da Afubesp, Camilo Fernandes, a representante da Abaesp, Glória Abdo, e o secretário de Finanças da Contraf-CUT, Sérgio Takemoto.
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