
No dia em que a Previ completou 121 anos de existência, os bancários realizaram nesta quarta-feira 16 um ato em defesa da Caixa de Previdência dos Funcionários do Banco do Brasil.
A atividade em âmbito nacional ocorreu também no Rio de Janeiro, em frente à sede da Previ, e em Brasília, em frente à matriz do Banco do Brasil. Em São Paulo, o ato foi deflagrado no complexo São João do BB, no centro da cidade, com uma manifestação em frente ao prédio e conversas com os bancários lotados no centro administrativo.
A tônica dos protestos foram os ataques que o fundo de pensão vem sofrendo nos últimos meses, pelo Tribunal de Contas da União (TCU) e por parte da mídia hegemônica.
O presidente da Previ, João Luiz Fukunaga, assumiu o cargo em fevereiro de 2023, após sua indicação pelo Banco do Brasil. Em março do mesmo ano, a Federação das Associações de Aposentados e Pensionistas do Banco do Brasil (FAABB) enviou uma representação ao Banco do Brasil cobrando explicações sobre os critérios para a nomeação de Fukunaga.
‘Ataque político e midiático’
Em agosto de 2024, o TCU decidiu que a indicação de Fukunaga obedeceu às regras da instituição. Mas em abril de 2025, o ministro Walton Alencar Rodrigues, relator do processo no tribunal, abriu uma auditoria após o fundo de pensão apresentar déficit.
“Ficou muito claro que esse ataque que a Previ está sofrendo é um ataque político e midiático. Há 121 anos a Caixa de Previdência dos funcionários do Banco do Brasil é gerida pelas pessoas competentes que compõem essa instituição. Isso é o mais importante, é o que a gente defende, é pelo que a gente vai lutar para que não seja modificado. Nós não vamos deixar o mercado colocar as mãos na Previ. Os especuladores no mercado não vão ter acesso à nossa caixa de previdência”, afirmou Ana Beatriz Garbelini, diretora-executiva do Sindicato e bancária do Banco do Brasil.
“Estamos aqui para denunciar que um juiz do TCU, que viajou 109 dias no último exercício, se acha no direito de dizer que funcionários concursados no Banco do Brasil não possuem competência técnica e ilibada para tocar e administrar os recursos da Caixa de Previdência. Isso é muito sério, porque todas as pessoas dentro da Previ estão lá por um processo seletivo”, destacou Priscilla Semencio, diretora do Sindicato e bancária do Banco do Brasil. “A Previ, que nunca deixou de pagar uma aposentadoria, nunca deixou de pagar um pecúlio e nunca deixou de pagar pensão para qualquer aposentado que fosse”, afirmou.
‘Se querem investigar, investiguem’
De acordo com o TCU, e amplamente noticiado pela imprensa, houve um déficit contábil na Previ de R$ 14 bilhões em 2024.
“Importante lembrar que o TCU é um órgão federal, e cuja indicação dos seus ministros tem muito de político, porque quem indica é o próprio governo. E o órgão tem influência de governos passados”, lembrou Ernesto Izumi, aposentado do Banco do Brasil e ex-dirigente do Sindicato.
Ele destacou que avaliações feitas, inclusive pela a Associação Nacional de Participantes de Fundos de Pensão [Anapar], indicam que o ministro do TCU não respeitou o relatório técnico, que apontou uma boa gestão da Previ. “E a Previ já é fiscalizada pela Previc [Superintendência Nacional de Previdência Complementar], que tem técnicos também. O TCU até extrapola a sua função. Mas se eles querem investigar, investiguem. Eu tenho convicção que teremos um atestado de boa gestão”, acrescentou Izumi.
Déficit é recorte pontual
O valor de R$ 14 bilhões apontado pelo TCU como déficit refere-se a um recorte pontual — de janeiro a novembro de 2024 — marcado por forte volatilidade nos mercados financeiros globais, o que afetou diretamente o desempenho de grandes investidores institucionais, incluindo a Previ.
“E esse déficit, é bom que se diga, não é prejuízo. Há uma distinção fundamental que a mídia não quer fazer”, destacou Deli Soares, bancário aposentado do Banco do Brasil e ex-dirigente do Sindicato. “A Previ já teve momentos de déficit muito maior, chegando a quase o dobro do que ele tem hoje, e não aconteceu nada. No ano seguinte ela recuperou e passou a pagar (...) A Previ nunca atrasou um dia sequer [os pagamentos das pensões] e nunca houve necessidade de aporte de mais recursos dos funcionários do Banco do Brasil para cobrir déficit”, enfatizou.
‘Previ é dos trabalhadores’
“Estamos aqui para dizer que a Previ é dos trabalhadores, a Previ não é do sistema financeiro, e a sua gestão deve permanecer sendo feita por trabalhadores, por associados. Ninguém melhor do que nós mesmos para cuidar do nosso patrimônio. E seguiremos nessa luta até que esse país respeite a autogestão. Nossa luta também é em defesa da Funcef, do Petros, do Postalis, do fundo de pensão do Itaú e de tantos outros bancos. Essa nossa luta em defesa da democracia é para todos os trabalhadores, para que todos tenham o direito de ter uma aposentadoria decente, adequada, que garanta uma vida digna para todos os trabalhadores”, afirmou Lucimara Malaquias, secretária-geral do Sindicato.
