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Não bancarizados e o fracasso de correspondentes

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Regiões que mais justificariam a existência de pontos de prestação de serviços são as que têm maiores índices de pessoas fora dos bancos. Motivo principal é justamente a dificuldade de acesso ao sistema
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São Paulo – Estima-se que R$ 665 bilhões serão movimentados em 2013 por brasileiros que estão à margem das instituições financeiras. Montante que corresponde ao Produto Interno Bruto (PIB) da Colômbia. Os dados são de pesquisa do Data Popular, divulgada parcialmente nesta quarta-feira 8, pela Folha de S.Paulo.

O levantamento aponta que o total de brasileiros adultos que não têm conta em bancos chega a 55 milhões, o que representa 39,5% da população do país nessa faixa etária (18 anos ou mais).

Para a presidenta do Sindicato, Juvandia Moreira, os números são mais uma comprovação de que a implantação de correspondentes bancários no país, que cresce em ritmo vertiginoso, não cumpre a função de aumentar a bancarização. “Os correspondentes não bancarizam a população, na verdade são uma estratégia dos bancos para economizar gastos, inclusive com mão de obra, e precarizar os serviços e o trabalho bancário.”

Dados do Banco Central (BC) mostram que nos últimos cinco anos, o número de correspondentes bancários cresceu 247%, passando de 95.849 em 2007, para 332.263 em 2012.

Distribuição – Juvandia lembra que os correspondentes foram criados na década de 1970 com o objetivo de possibilitar a cidadãos de municípios e localidades pequenas e distantes dos grandes centros urbanos o acesso a serviços bancários. Mas não foi o que aconteceu. “Isso é facilmente contestável quando se leva em conta que os correspondentes concentram-se justamente nos grandes centros, como São Paulo.”

Só o estado de São Paulo abriga 28% dos correspondentes. A região Sudeste, a mais industrializada, tem 48% e a Sul, 21%, apesar de cada uma delas ter apenas 30% de sua população fora dos bancos. No Nordeste estão só 19% do total de correspondentes do país, sendo que 53% dos moradores não tem acesso a banco. O Centro-Oeste vai na mesma toada, com 8% dos correspondentes e 31% de não bancarizados. No Norte, a maior discrepância: 8% dos correspondentes do país para metade de locais sem banco.

O principal motivo que leva as pessoas a não ter banco, sempre segundo a pesquisa, é justamente a razão, pelo menos em teoria, da existência dos correpondentes: a dificuldade de acesso à rede bancária.

O levantamento faz ainda recortes de gênero e raça: 60% deles são mulheres e 61% são negros (39% não negros). Mostra ainda que 62% estão empregados, ou seja, possuem renda.

Potencial – O valor estimado de recursos que não passarão pelos bancos (R$ 665 bi) também reforça o potencial que o setor financeiro tem para crescer em volume de clientes e de transações de crédito. Em um cenário onde a taxa básica de juros, a Selic, está em queda e os bancos estão tendo de baixar juros e tarifas, as instituições financeiras estão sendo forçadas a apostar no crescimento do volume de crédito.

A pesquisa do Data Popular ouviu 2006 brasileiros em 53 cidade, entre fevereiro e março deste ano.


Andréa Ponte Souza - 9/5/2013

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