São Paulo – As maternidades do SUS em todo o país passam a contar com novas diretrizes para o atendimento humanizado ao recém-nascido. Seguindo recomendações da Organização Mundial da Saúde (OMS), no dia 8 o Ministério da Saúde publicou portaria que atualiza normas para procedimentos durante o parto. A partir de agora, assim que nascer, o bebê deverá ser colocado em contato com a mãe para que ela o estimule a mamar ainda na primeira hora. Além disso, o cordão umbilical deverá ser clampeado (cortado) apenas quando parar de pulsar.
O atendimento aos recém-nascidos com respiração alterada ou irregular, tônus diminuído e/ou com líquido meconial deve seguir regras do Programa de Reanimação da Sociedade Brasileira de Pediatria, que inclui a presença de médico ou de enfermeiro treinado em reanimação neonatal.
As medidas visam a beneficiar a saúde materna e infantil. De acordo com estudos, a primeira mamada na primeira hora após o nascimento diminui os riscos de anemia e morte. Isso porque, além de fornecer o primeiro aporte calórico para a vida do bebê, acelera a descida do leite materno, aumentando assim a chance de sucesso no aleitamento. Outro benefício é reduzir o risco de hemorragia uterina, que dependendo da gravidade pode levar à morte materna.
Conforme a portaria, os procedimentos de rotina adotados após o nascimento do bebe, como exame físico, pesagem e outras medidas antropométricas, profilaxia da oftalmia neonatal devem ser realizados somente após esses primeiros cuidados, importante mudança na lógica de atendimento ao bebê.
As novas regras são obrigatórias apenas nas maternidades públicas. As particulares estão submetidas à regulação pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), a mesma que disciplina os planos de saúde.
Entre as ações previstas durante o pré-natal estão os exames de pré-natal de risco habitual e de alto risco, acolhimento às intercorrências na gestação, acesso ao pré-natal de alto risco e aos resultados, vinculação da gestante (desde o pré-natal) ao local em que será realizado o parto, implementação de ações relacionadas à saúde sexual e reprodutiva, além de prevenção e tratamento das DST/HIV/Aids e Hepatites.
Vitória - A atualização das diretrizes agradou a setores que defendem o parto humanizado e a amamentação. "Consideramos essas recomendações uma mudança de paradigma ao atendimento da mulher e seu filho recém-nascido. É uma ótima notícia para todo mundo, seja da rede pública, seja da rede privada. Afinal, a gente tem obrigação social de zelar pelo bem-estar de toda criança", opina a designer Ana Basaglia, integrante do grupo Matrice de Apoio à Amamentação, de São Paulo.
De acordo com ela, as recomendações são baseadas nas últimas evidências científicas. "Estudos demonstram claramente que um bebê saudável não deve ser separado da sua mãe ao nascer e pode receber as primeiras ações do serviço de saúde (pesagem, limpeza, demais verificações) horas depois. Não há necessidade de pressa nessas ações".
Ana ressalta ainda que para o grupo de apoio à amamentação a diretriz é uma vitória que deveria ser estendida ao setor privado. "O atendimento obstétrico é tão mecanizado, com seus quase 95% de cirurgias e procedimentos 'engessados' em regras antiquadas, dependendo do serviço avaliado. Faria muita diferença na vida, na saúde, no relacionamento, para muitos bebês e suas famílias".
Rede Brasil Atual - 14/5/2014
Linha fina
Entre as principais medidas está o contato entre mãe e filho na primeira mamada após o nascimento
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