São Paulo - A votação da reforma da Previdência Social, proposta pelo governo Temer, não tem mais data prevista. Quem avalia é o relator do projeto, a PEC 287, deputado Arthur Maia (PPS-BA). "O que é difícil hoje será mais difícil daqui a um mês", afirmou em entrevista ao jornal Folha de S.Paulo publicada na terça 23. O presidente é alvo de inquérito e pressão por renúncia.
Ele esperava colocar a medida em votação no dia 1º, mas diz agora que "não existe mais data" porque "Joesley destruiu isso". Joesley, um dos donos do frigorífico JBS, gravou conversa comprometedora com Michel Temer que gerou abertura de inquérito do presidente pela Procuradoria Geral da República, com aval do Supremo Tribunal Federal.
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Sem nem conseguir prever data para votação, mais difícil ainda parece ser a aprovação. "Eu posso garantir a vocês que, depois que recuperar tudo isso, eu vou tentar (aprovar a proposta). Mas eu posso garantir que vamos submeter à votação? Não sei. Ninguém sabe".
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Além do escândalo que deixou o governo Temer praticamente sem forças, o deputado também vê dificuldades na aprovação por conta da preocupação dos parlamentares com a repercussão nas suas bases eleitorais de um eventual voto pela retirada de direitos relativos à aposentadoria, à medida em que se aproxima o calendário eleitoral de 2018.
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Protestos realizados sistematicamente por diversos setores da sociedade, especialmente os movimentos sindical, social e estudantil, têm mostrado que a reforma na verdade significa o fim da Previdência e a aposentadoria pública no país (assista vídeo abaixo).
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Rodrigo Maia - Dois dias antes da entrevista de Arthur Maia, na segunda 22, o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), marcou para o período entre 5 e 12 de junho o início das discussões em plenário da PEC 287, mesmo o governo já estando sobre intensa pressão por conta do áudio de Joesley, que veio à tona na noite de quarta 18.
A PEC já foi aprovada pela comissão especial criada para debater o tema está pronta para ser votada no plenário. Por ser uma PEC, precisa de 308 votos favoráveis (3/5 da casa) para ser aprovada. Se isso acontecer, segue para aprecisação no Senado.
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