Brasília - “A greve do dia 28 foi forte e justa, a direção da Caixa não pode cercear esse direito legítimo dos empregados de lutar.” A afirmação é do diretor executivo do Sindicato, Dionísio Reis, coordenador da Comissão Executiva dos Empregados (CEE/Caixa). O dirigente participou de reunião da mesa permanente de negociações, na quinta-feira 25, em Brasília, junto com a CEE/Caixa que assessora a Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf/CUT). Cobrou também da Caixa a retomada imediata da contratação de mais empregados e protestou contra o processo de desmonte da empresa e o ataque aos direitos dos trabalhadores.
Em São Paulo, apesar de liminar conseguida pelo Sindicato, a Caixa efetuou o desconto e alegou que não teve tempo hábil para evitar a cobrança. “Temos liminar e o banco tem de respeitar. O desconto do dia de greve dos bancários e os reflexos na carreira têm de ser revertidos, pois a Caixa está desobedecendo a liminar”, afirma o dirigente.
A Caixa não negociou o dia de greve e a CEE reforçou a cobrança de reversão dos reflexos e devolução. A direção do banco ficou de formular proposta a respeito do dia 28.
“O que defendemos, desde que foi lançado o Programa de Desligamento Voluntário Extraordinário (PDVE) e até os Planos de Apoio à Aposentadoria realizados em 2015 e 2016, é que a Caixa reponha as vagas dos que estão saindo. São cerca de 5 mil a menos empregados e com a falta de contratações o que temos hoje é um dia a dia de sobrecarga e adoecimentos nas unidades de todo o país, situação que tende a se agravar ainda mais com o processo de desmonte da empresa”, reforça Dionísio. “Avisamos: vamos intensificar nossa luta em defesa da Caixa 100% pública e sua importância na execução de políticas sociais."
Contratações já – A CEE ressaltou na reunião os problemas nas unidades de todo o país, agravados com a liberação de saques das contas inativas do FGTS. A Caixa manteve a posição de intransigência: não haverá novas contratações, nem mesmo para repor os empregados que aderiram ao PDVE. Os negociadores do banco alegaram que, no lugar da reposição de trabalhadores, o compromisso é de equalização com no máximo remanejamento de empregados de uma área para outra, para suprir eventuais carências de pessoal.
Trabalho ao sábado – A direção do banco recuou de posição defendida em mediação com o MPT e diz que pagará adicional de hora extra de 50% aos sábados. “No nosso entendimento, além de se contradizer, a Caixa está descumprindo lei que obriga o pagamento de adicional de 100% na hora extra em descanso semanal remunerado”, diz Dionísio. Os dirigentes mantiveram reivindicação pelo pagamento correto das horas extras com adicional de 100% para o trabalho aos sábados. E contestaram veementemente o descumprimento pelo banco do compromisso de informar aos sindicatos as agências que iriam abrir no fim de semana, assumido perante à procuradoria regional do trabalho.
PCDs – Foram cobrados esclarecimentos sobre como anda o processo de contratação de concursados com deficiência. “De forma inadmissível a Caixa insiste no descumprimento da Lei 8.213/91, que determina que empresas com mais de mil empregados tenham 5% dos cargos ocupados por PCDs, mesmo tendo concursados nessas condições prontos a assumir seus postos”, observa Dionísio. “Desafiamos a Caixa a fazer essas contratações, demonstrar não fazer discriminação contra os trabalhadores com deficiência e cumprir a lei."
Reestruturação – A CEE cobrou esclarecimentos sobre os comentários dos colegas de que viria uma mudança na estrutura de filiais. A Caixa voltou a argumentar que o processo iniciado em 2016 chegou ao seu final e se resume a adequações em algumas filiais. Diante da pressão dos trabalhadores, ficou de repassar informações sobre qualquer alteração primeiro na mesa permanente.
Verticalização – Quanto à verticalização nas agências, os representantes dos empregados manifestaram contrariedade com os estragos provocados por esse processo de estimular contas com clientes de alta renda, o que contraria o caráter social desempenhado pelo banco, precarizando ainda mais o atendimento ao público. Para manter a função, por exemplo, o gerente Pessoa Jurídica é obrigado a ter uma carteira de pelo menos 300 contas qualificadas, cabendo ainda ao gerente Pessoa Física carteira com 900 contas qualificadas. "Além do prejuízo a população, ameaça que começa a ser ouvida pelos empregados é a de perda das funções."
Sipon – Também foi cobrado da Caixa mais agilidade na implantação do login único no Sistema de Ponto Eletrônico (Sipon) para os empregados das agências e demais unidades. A Caixa alegou mais uma vez dificuldades tecnológicas. “Essa é uma demanda antiga dos bancários. A implantação do login único vai melhorar as condições de trabalho e ajudar a evitar fraudes no ponto eletrônico, uma vez que o trabalhador só poderá logar em apenas uma máquina por vez. Isso, inclusive, diminuirá as chances de algum empregado trabalhar na máquina de outro colega, levando a que o bancário também tenha resguardadas no sistema as horas extras que fizer”, explica Dionísio.
Também foi pedido esclarecimento sobre a retirada do aplicativo que impedia irregularidades na marcação do ponto.
A Caixa ficou de verificar um prazo para a instalação do login único no Sipon e resolver problemas com o temporizador.
RH 184 – Outro ponto da pauta: os trabalhadores cobraram esclarecimento sobre alterações não negociadas que foram feitas no RH184, como a possibilidade de descomissionamento na licença-maternidade. O banco ficou de reverter essa alteração e esclarecer outros pontos que causam dúvida. “A nova versão do RH 184, implementada em 9 de maio trás avanços, mas nossa luta vai continuar até o fim das arbitrariedades no descomissionamento de empregados”, ressalta o coordenador da CEE.
Reconhecimento – Também foi reivindicado o pagamento da Participação nos Lucros e Resultados (PLR) pelo lucro líquido recorrente, proposta prontamente rejeitada pela Caixa, que alegou dificuldades em atendê-la, sobretudo por causa de impedimentos legais estabelecidos pelo Ministério da Fazenda.
“Essa recusa é mais uma prova de que a direção do banco não adota, já algum tempo, uma política de valorização dos empregados. Se assim procedesse, haveria uma ampliação na margem para pagamento tanto na regra básica quanto na parcela adicional e na PLR social, o que representaria para a maioria dos empregados um ganho a mais em relação ao valor que receberam”, afirma o coordenador da CEE. “Outros bancos já fizeram o pagamento da PLR nesses moldes e isto está dentro dos parâmetros do acordo coletivo, funcionando como uma política de reconhecimento dos empregados. É isso que reivindicamos e os bancários merecem.”