A Associação dos Engenheiros da Petrobras (Aepet) divulgou na quarta-feira 23 uma nota a respeito da política de preços praticada pela companhia. Eles reafirmam e detalham o que já havia sido escrito em um editorial publicado em dezembro de 2017, no qual batizavam a linha adotada pela gestão de Pedro Parente à frente da empresa de “America first! ” – “os Estados Unidos primeiro!”.
A reportagem é da Rede Brasil Atual.
A atual política começou a vigorar em outubro de 2016. À época, a empresa explicava que os reajustes seriam baseados na paridade com o mercado internacional e "mais uma margem que será praticada para remunerar riscos inerentes à operação, como, por exemplo, volatilidade da taxa de câmbio e dos preços sobre estadias em portos, e lucro, além de tributos. A Petrobras dizia ainda que a nova política previa "avaliações para revisões de preços pelo menos uma vez por mês".
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Na prática, as revisões de preços foram mais frequentes do que "uma vez por mês". Só em uma semana do mês de maio, foram cinco altas consecutivas em função da variação do preço do petróleo e derivados no mercado internacional e da variação da taxa cambial.
A partir desse contexto, a Aepet faz algumas considerações.
A política de preços de Temer é melhor para a Petrobras?
Os engenheiros da companhia alertam para o que consideram ser uma "falácia", de que a mudança da política de preços atual ameaçaria a capacidade empresarial da Petrobras.
"Esclarecemos à sociedade que a mudança na política de preços, com a redução dos preços no mercado interno, tem o potencial de melhorar o desempenho corporativo, ou de ser neutra, caso a redução dos preços nas refinarias seja significativa, na medida em que a Petrobras pode recuperar o mercado entregue aos concorrentes por meio da atual política de preços. Além da recuperação do mercado perdido, o tamanho do mercado tende a se expandir porque a demanda se aquece com preços mais baixos", explicam.
"Outra falácia repetida 24 horas por dia diz respeito à suposta 'quebra da Petrobras' em consequência dos subsídios concedidos entre 2011 e 2014. A verdade é que a geração de caixa da companhia neste período foi pujante, sempre superior aos US$ 25 bilhões, e compatível ao desempenho empresarial histórico."
Quem ganha com a atual política de preços dos combustíveis?
Com a adoção de uma política de ajuste de preços atrelada ao mercado internacional, há setores que ganham, em prejuízo do resto da sociedade, segundo a Aepet.
"Ganharam os produtores norte-americanos, os 'traders' multinacionais, os importadores e distribuidores de capital privado no Brasil. Perderam os consumidores brasileiros, a Petrobras, a União e os estados federados com os impactos recessivos e na arrecadação. Batizamos essa política de 'America first!' – 'os Estados Unidos primeiro!'.”
A Petrobras ganha com preços mais elevados no mercado interno?
Em 2017, a associação já alertava que a empresa perdia "com a ociosidade de suas refinarias e a entrega da sua participação no mercado brasileiro de combustíveis. Perde a maioria dos brasileiros que consome, direta e indiretamente, os combustíveis com preços majorados. Perde a União e os estados federados com os impactos recessivos e da arrecadação causados por preços elevados dos combustíveis".
Com os preços mais altos, abre-se espaço para a importação por concorrentes. "A estatal perdeu mercado e a ociosidade de suas refinarias chegou a um quarto da capacidade instalada. A exportação de petróleo cru disparou, enquanto a importação de derivados bateu recordes. O diesel importado dos EUA, que em 2015 respondia por 41% do total, em 2017 superou 80% do total importado pelo Brasil."