A greve nacional de 72 horas dos petroleiros contra a política de preços de derivados da Petrobras começou à zero hora desta quarta-feira 30, em diversas refinarias e terminais do país, além de plataformas da Bacia de Campos (RJ). Para a categoria, a decisão do Tribunal Superior do Trabalho (TST), de antecipar a classificação da paralisação como "abusiva", afronta o direito de greve. A reportagem é da Rede Brasil Atual.
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Segundo a Federação Única dos Petroleiros (FUP), a Petrobras e o TST não cumprem a Lei de Greve. "A lei estabelece que temos que comunicar com 72 horas o movimento e que o TST tem de ser mediador entre capital e trabalho. Só nós fazemos o papel de babaca mandando o documento para o TST, que nem olha e considera sempre nossa greve abusiva", diz o coordenador geral da FUP, José Maria Rangel.
Abastecimento garantido
A categoria informa ainda que os estoques de derivados estão elevados e que não há motivo para preocupação com desabastecimento.
"A greve já começou no final desta terça-feira. Isso vale para refinarias e terminais. Nas plataformas de produção, os trabalhadores estão entregando a planta de produção para as equipes de contingência da Petrobras", relatou José Maria Rangel, em entrevista à Rádio Brasil Atual.
Os organizadores do movimento consideram que o alerta de 72 horas deve atrair a atenção e o apoio da população para a causa que está em jogo: conter o processo de privatização da Petrobras, no qual as refinarias processam 70% de sua capacidade, o Brasil importa derivados e os brasileiros pagam o preço do combustível e do gás de cozinha com base no mercado internacional.
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Nesta quarta-feira, o instituto Datafolha divulgou pesquisa mostrando que 87% dos brasileiros disseram apoiar as paralisações dos caminhoneiros. Outros 92% acham o pleito justo e 96% acreditam que o governo demorou para negociar.
A pesquisa foi feita nesta terça-feira 29 por telefone e poderia, portanto, ter ouvido os entrevistados também sobre o movimento dos petroleiros, perguntando, por exemplo: "Você é a favor da greve contra a política de preços do governo?" Entretanto, as respostas dadas à consulta sobre os caminhoneiros permitem deduzir essa opinião: os mesmo 87% que apoiam a categoria discordam que a conta do acordo seja repassada à população.
Efeitos na vida de todos
"O movimento dos caminhoneiros pautou o preço abusivo do Diesel e estamos pautando a gasolina, o gás de cozinha e todos os demais derivados que afetam a vida dos brasileiros", assinala o secretário-geral da Confederação Nacional dos Químicos (CNQ-CUT), Itamar Sanches, também diretor do Sindicato dos Petroleiros Unificados de São Paulo.
Em entrevista à Rádio Brasil Atual, Itamar Sanches afirmou que, em Paulínia, a adesão do pessoal da produção da Replan é de 100%, e 70% do pessoal administrativo também está parado.
Além da Replan, os trabalhadores não entraram para trabalhar nas refinarias de Manaus (Reman), Abreu e Lima (Pernambuco), Regap (Minas Gerais), Duque de Caxias (Reduc), Capuava (Recap), Araucária (Repar), Refap (RS), além da Fábrica de Lubrificantes do Ceará (Lubnor), da Araucária Nitrogenados (Fafen-PR) e da unidade de xisto do Paraná (SIX).
A FUP prevê que o movimento se amplie durante o dia, quando estão previstas paralisações nas demais bases do Sistema Petrobras.Também nesta quarta-feira serão realizados atos e manifestações em apoio e em solidariedade à luta dos petroleiros contra a política de preços imposta pelo presidente da estatal, o tucano Pedro Parente, que provocou uma escalada de aumentos abusivos no gás de cozinha e nos combustíveis. Em São Paulo, as Frentes Brasil Popular e Povo Sem Medo convocam manifestação na Avenida Paulista, a partir das 18h.
"Nossa greve é contra o processo de privatização da Petrobras, que leva nossas refinarias a trabalhar com apenas 70% de sua capacidade, faz com que o Brasil importe derivados de petróleo e ainda que o brasileiro pague pelo combustível e gás de cozinha com base no mercado internacional."