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Bradesco cobra 5.000% por saque no cartão

Linha fina
Especialista critica postura dos bancos de estimular uso apesar do risco de gerar dívidas quase impagáveis
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São Paulo – O juro cobrado pelo Bradesco para saque no cartão de crédito chega a 4.912,07% ao ano (38,57% ao mês), segundo extrato ao qual o jornal Correio Braziliense teve acesso. As altas taxas não se resumem apenas ao saque, sendo verificadas também no chamado crédito rotativo.

Importante lembrar que a Selic, taxa referencial de juros no país está em 8,5% ao ano, a menor da história.

Com a taxa de 38,57%, um cliente do Bradesco que sacar R$ 20 no cartão de crédito verá a dívida subir para R$ 27,71 somente no primeiro mês. Se demorar um ano para pagar, a conta salta para R$ 1.002,41.

Crédito Rotativo – E não é apenas no saque e não é só o Bradesco que abusa nas taxas. No crédito rotativo, de acordo com a Anefac (Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade), desde fevereiro de 2010 o juro cobrado no cartão de crédito fica perto de 230% ao ano na média dos maiores bancos do país. A Confederação Nacional do Comércio (CNC) afirma que a cobrança chega a 600% para o mesmo período.

Comparado a outros países da América Latina, o valor cobrado aqui está nas alturas. Estudo divulgado pela Proteste, envolvendo Argentina, Chile, Colômbia, Peru, Venezuela e México, apontou que as taxas no Brasil são as mais altas da região, em média cinco vezes maior do que o segundo colocado, a Argentina.

> Juros no cartão de crédito congelam na estratosfera

Para a economista Mariane Hanson, da CNC, “infelizmente, bancos e lojas criaram uma série de facilidades na hora de oferecer cartões, mas boa parte dos que tiveram acesso a esse meio de pagamento não tinha conhecimento suficiente das regras”, disse ao Correio Braziliense. E vai além: as administradoras de cartões fazem uma avaliação superficial dos clientes, não se preocupando muito com a capacidade de pagamento.

Apesar de estratosféricos, os valores não podem ser reduzidos pelo Banco Central, segundo um técnico ouvido pelo jornal. “Estamos falando de um mercado livre. O que fizemos para proteger os consumidores foi limitar a quantidade de tarifas cobradas pelos cartões. Mas foi só.”


Redação, com informações do Correio Braziliense - 28/6/2012

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