São Paulo – Em greve desde a aprovação da paralisação em assembleia na noite dessa quarta-feira 4, os metroviários de São Paulo afirmam que cerca de 95% da categoria aderiu à mobilização, que cobra do governo estadual reajuste salarial de 35%, reajuste de 13% para o vale-refeição, plano de carreira, plano de saúde para os aposentados e contratação de mais funcionários. Desde às 4h desta quinta-feira 5 o Metrô utiliza funcionários que já foram condutores, mas hoje ocupam cargos técnicos e de supervisão, para manter circulação parcial nas linhas 1-Azul, 2-Verde, 3-Vermelha e integral na Linha 5-Lilás. Às 10h, o Metrô informava que estavam funcionando o trecho entre as estações Ana Rosa e Luz, na Linha 1-Azul, entre Ana Rosa e Clínicas, na Linha 2-Verde, e entre Bresser-Mooca e Santa Cecília, na Linha 3-Vermelha.
Nesta quinta, às 15h, haverá uma audiência de conciliação entre governo estadual e metroviários na Superintendência do Trabalho de São Paulo. Se não houver acordo ali, a divergência irá a julgamento. "Pelo que disse o governador, vai ter de ir a julgamento mesmo. Sem acordo. Mas geralmente é rápido, julga-se no mesmo dia ou, no mais tardar, no dia seguinte", afirma Wagner Gomes, ex-presidente do sindicato dos metroviários, que acompanha a movimentação da categoria.
O Metrô conseguiu liminar determinando que as partes mantenham o efetivo necessário para garantir 100% da prestação do serviço nos horários de pico (das 6h às 9h e das 16h às 19h) e 70% nos demais horários, mas os metroviários rejeitam a hipótese. "Como é que o TRT quer pôr 100% se nem a empresa faz isso?", questionou após a reunião de ontem o presidente do Sindicato dos Metroviários, Altino de Melo Prazeres Junior. Os sindicalistas afirmam ainda que determinar 100% do efetivo é desrespeitar o direito de greve.
A liminar fala em multa diária de R$ 100 mil em caso de descumprimento. A Companhia do Metropolitano (Metrô) declarou repúdio a greve, que, segundo a empresa, prejudica usuários e população. A determinação do TRT é dirigida tanto à empresa como aos funcionários.
Trens – A Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM) informou que os trens circularão com menor intervalo em todas as linhas. A estação Corinthians-Itaquera da CPTM vai permanecer fechada para embarque e desembarque enquanto durar a greve – assim, as composições do Expresso Leste não vão parar nessa estação. A companhia informou ainda já ter solicitado à São Paulo Transporte (SPTrans) a alteração do itinerário dos ônibus com destino à Corinthians-Itaquera, "de forma a redistribuir os coletivos nas demais estações, visando equalizar o fluxo de usuários". A operação da Linha 7-Rubi (Luz-Francisco Morato) será estendida até a estação Brás.
Além disso, a integração com o Metrô – nas estações Palmeiras-Barra Funda, Brás, Tamanduateí, Santo Amaro, Tatuapé e Luz (só para a Linha 1-Azul) – ficará fechada até o início da circulação dos trens. Já a integração com a Linha 4-Amarela (estações Pinheiros e Luz) deve funcionar normalmente.
Com database em 1º de maio, a categoria pede reajuste de pelo menos dois dígitos, mas a proposta mais alta feita pela empresa estadual foi de 8,7%, frente a 7,8% na semana anterior. O Metrô também propôs aumentar o vale-refeição pelo mesmo índice e retirar a parte paga pelo trabalhador no benefício, o que, na perspectiva da companhia, atingiria os dois dígitos reivindicados pelos trabalhadores. Haveria um desconto simbólico de R$ 0,01. O vale-refeição passaria de R$ 247,69 para R$ 320 – o sindicato pede R$ 379,80.
O Sindicato dos Metroviários tem defendido que o reajuste superior a 10% é “simbólico” em função dos reajustes obtidos por outras categorias, entre as quais os motoristas e cobradores da capital, mas considera ainda mais relevante a obtenção de um plano de carreira para os setores de manutenção e segurança, reivindicação antiga da categoria, que segundo o sindicato, pode ser mais facilmente conquistada com a proximidade da Copa do Mundo, na quinta-feira 12, na Arena Corinthians (Itaquera), na zona leste.
Subsídios – Altino de Melo Prazeres Junior garante que o Metrô tem condições de arcar com o aumento reivindicado, já que a empresa é superavitária. Além disso, ele insiste que o sistema não pode ser mantido exclusivamente com a passagem paga pelos usuários, o que incentiva, inclusive, a superlotação. Ele defende a adoção de subsídios.
Durante a assembleia, Altino enfatizou que a proximidade com a Copa cria uma conjuntura favorável a reivindicações dos trabalhadores – o principal meio de transporte até a Arena Corinthians (Itaquerão), onde no dia 12 será realizada a abertura do Mundial, é o Metrô.
Os funcionários da Linha Amarela-4 (Butantã-Luz), administrada pela Via Quatro por meio de um contrato de concessão de 30 anos em parceria público-privada com o governo do estado de São Paulo, não participam desta negociação e devem trabalhar.
Gisele Brito, da Rede Brasil Atual – 5/6/2014
Linha fina
Metrô usa técnicos e supervisores para manter circulação parcial nas Linhas Azul, Verde, Vermelha e Lilás. Categoria reivindica reajuste de 35%, contra 8% oferecidos pelo governo estadual
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