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UNI Global

Como combater a desigualdade de gênero no mercado de trabalho

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Sindicato participa da 5ª Conferência Mundial de Mulheres da UNI Global contra discriminação de gênero nos empregos 
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Foto: Divulgação

A desigualdade de gênero persiste no século 21 e continua a ser um dos problemas mais urgentes a serem enfrentados. As mulheres têm menor probabilidade do que os homens de encontrar emprego, e uma vez inseridas no mercado de trabalho, encaram uma série de desrespeitos, como remuneração mais baixa (recebem em média 20% menos do que os homens, segundo a Organização Internacional do Trabalho - OIT), assédio sexual, discriminação e empregos mais precários.

> Conferência mundial debate combate à violência de gênero 

Diante desses desafios, 451 sindicalistas mulheres de 66 países e 160 entidades sindicais diferentes estão reunidas em Liverpool, Reino Unido, na 5ª Conferência Mundial de Mulheres da UNI Global, sindicato mundial que representa mais de 20 milhões de trabalhadores de 900 entidades do setor de serviços em diversos países do mundo, entre eles o Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região.

Com o slogan “Making it happen”, as mulheres discutiram os problemas e avanços que tiveram em seus países para concretizar os objetivos estratégicos dos afiliados da UNI Global Union: igualdade de oportunidades na sociedade e no local de trabalho; combate à violência de gênero; e a luta pela ratificação, em todos os países, da convenção da OIT sobre combate a violência de gênero, construída na última conferência do organismo vinculado à ONU. A ratificação da Convenção da OIT requer pressão sobre os governos para sua implantação.

Ampliação da participação das mulheres e jovens nos espaços de poder também serão debatidos. No Legislativo brasileiro, por exemplo, apenas 54 mulheres foram eleitas deputadas em 2014, de um total de 513 parlamentares na Câmara, o que representa 10,5% do total. As mulheres compõem 51% da população brasileira. 

“As mulheres de todo o mundo lutam para combater o machismo e a desigualdade de gênero, que ainda é uma triste realidade em todo o mundo. Há muitos avanços, mas a luta é permanente”, afirma Neiva Ribeiro, secretária-geral do Sindicato e bancária do Bradesco, que participa do encontro. “No Brasil, por exemplo, o golpe sofrido pelos trabalhadores tem efeitos muito mais nocivos sobre as mulheres, que ainda estão nos cargos de menor salário, mais precarizados e mais vulneráveis”, acrescenta.  

Neiva ressalta que o número de lares brasileiros chefiados por mulheres saltou de 23% para 40% entre 1995 e 2015 (segundo o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada – Ipea) e elas serão particularmente afetadas pelo desmonte das políticas públicas promovido pelo governo Temer, que tomou o poder após o golpe de 2016, como a Emenda Constitucional 95, que congelará os investimentos sociais em áreas como saúde e educação até 2037; a reforma trabalhista, que precarizou os contratos de trabalho e permite inclusive que grávidas trabalhem em locais insalubres; e a reforma da Previdência (PEC 287), que obrigará as mulheres a trabalharem até os 62 anos, ignorando o fato de que as chefes de família possuem jornadas duplas de trabalho, tendo de cuidar também dos filhos .

Discriminação no setor bancário

A discriminação de gênero é uma realidade também no setor bancário. Em abril de 2018, as bancárias mulheres foram contratadas com média salarial de R$ 3.245, o que equivale a 72% do salário médio dos bancários homens, que no mesmo mês foram admitidos com média salarial de R$ 4.488. As bancárias demitidas recebiam, em média, R$ 5.549, equivalente a 73% do salário médio dos homens desligados que ganhavam R$ 7.579. Os dados são do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged).

Defesa da democracia

Em sua fala na Conferência, Neiva ressaltou a crise que o Brasil enfrenta, a importância da defesa da democracia, por meio de eleições livres, defendeu o direito do ex-presidente Lula, 1º colocado nas pesquisas e preso político, de concorrer às eleições. 

Equidade de gênero beneficia economia, aponta OIT

Segundo o IBGE, em 2017 o salário médio pago às mulheres foi apenas 77,5% do rendimento pago aos homens no Brasil. Enquanto eles receberam, em média, R$ 2.410, elas ganharam R$ 1.868.

No Brasil, a OIT estima que a taxa de participação feminina no mercado de trabalho em 2017 era em torno de 56% – uma diferença de 22,1 pontos percentuais em comparação com a participação masculina, estimada em 78,2%.

Relatório da OIT aponta que reduzir as desigualdades de gênero em 25% até 2025 poderia adicionar US$ 5,8 trilhões para a economia global e aumentar as receitas fiscais.

No Brasil, o efeito seria um aumento de até R$ 382 bilhões ou 3,3% no PIB e um acréscimo de até R$ 131 bilhões em receita tributária.

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