A gestão do prefeito da capital paulista, Bruno Covas (PSDB), pretende fechar o Centro de Referência da Diversidade (CRD), serviço que atende cerca de 1.200 pessoas da comunidade LGBT (sigla para Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Transexuais e outras identidades de gênero). O equipamento municipal oferece acolhimento, escuta especializada e oficinas de geração de renda para travestis e transexuais, profissionais do sexo, pessoas vivendo com HIV/Aids, gays e lésbicas que estão em situação de vulnerabilidade ou risco social.
A reportagem é de Beatriz Drague Ramos, na Rádio Brasil Atual e replicada no portal da Rede Brasil Atual.
O fechamento do Centro de Referência da Diversidade foi comunicado no último dia 19, pelo secretário Municipal de Assistência e Desenvolvimento Social, Marcelo Del Bosco. Fundado em 2008, o CRD é gerido pela ONG Grupo Pela Vidda SP e faz parte de um conjunto de políticas públicas voltadas à população LGBT. O argumento da gestão Covas é que a Secretaria Municipal de Direitos Humanos realiza o mesmo serviço. No entanto, a presidenta do Grupo Pela Vidda Leila Stungis, afirma que as propostas são diferentes, além da alta demanda não suportada pelo Centro de Cidadania LGBT, serviço da pasta de Direitos Humanos.
“Eles lidam com um público completamente diferente. Não lidam com a população em situação de rua, por exemplo. Lidam, em sua maioria, com mulheres travestis e transexuais, que têm minimamente uma organização da vida para que possam voltar a estudar e trabalhar. A gente atende pessoas em situação de rua. Fazemos sensibilizações nas empresas privadas que buscam qualificar profissionais para acolhimento LGBT. Na rede pública também: ensino, saúde, segurança. Trabalhamos tanto com o público que sofre essa violência com o público que pode praticar a violência”, explicou Leila.
Para a co-deputada Erika Hilton, da Bancada Ativista (Psol), o fechamento do Centro de Referência da Diversidade é parte de um processo de gentrificação dessa população. “Temos um serviço muito pequeno, diante do número imenso de pessoas em situação de vulnerabilidade. O CRD é o único que presta esse tipo de serviço na assistência social. O fechamento é mais uma demonstração da política de retrocessos das gestões Covas e (do governador João) Doria”, afirmou.
O possível fechamento do Centro de Referência da Diversidade é consequência do corte de gastos na assistência social, determinado por Covas por meio do decreto 58.636, publicado em fevereiro. A norma determina a renegociação de contratos, autorizando cortes e redução no serviço – estimados em R$ 240 milhões, ou 15% do valor total. Atualmente, a cidade tem 1.265 serviços de assistência, com cerca de 220 mil vagas para crianças, adolescentes, mulheres e idosos, administrados por organizações sociais.