*Atualização: após pressão do Sindicato, financeira Pernambucanas anunciou que cumprirá direitos (leia aqui)
Enquanto algumas empresas são exemplo de solidariedade na pandemia de coronavírus, outras agem com total desumanidade nessa que é uma das piores crises sanitárias pela qual passa o país. A Financeira Pernambucanas, das Lojas Pernambucanas, infelizmente se encaixa no segundo caso.
Desde abril, o Sindicato dos Bancários e Financiários de São Paulo, Osasco e Região vem recebendo uma série de denúncias de funcionários que tiveram seus benefícios suspensos e também sobre a intenção da financeira em aplicar as previsões das MPs 927 e 936, principalmente para redução de salários e suspensão de contratos, sem qualquer diálogo com o Sindicato.
Diante dessas denúncias, o Sindicato ainda buscou um canal de negociação, mas não obteve êxito. A Pernambucanas só queria reduzir custos, sem qualquer disposição para atender aos pleitos do Sindicato, que visavam a manutenção dos empregos e menos prejuízos aos trabalhadores.
Por várias vezes, o Sindicato questionou a financeira quanto às denúncias de desrespeito a direitos da CCT, mas a empresa negava sempre. Porém, os trabalhadores continuaram a denunciar e comprovaram que tiveram direitos suspensos.
Portanto, além de reduzir os salários e jornadas em 25%, por contratos individuais, foi confirmada a suspensão dos direitos previstos na Convenção Coletiva dos Financiários como os vales refeição e alimentação, vale cultura, e o adiantamento do 13º salário, que deveria vir até 31 de maio, mas não foi pago até hoje pela empresa.
Sobre o plano de saúde, mais um descumprimento da CCT: houve a cobrança de valores, sendo que há garantia de plano sem custos, exceto para casos de upgrade.
O Sindicato já entrou em contato diversas vezes com a Financeira Pernambucanas, mas não houve avanço nas tentativas de negociação. “Enviamos uma série de e-mails e contatamos a empresa diversas vezes por telefone, deixando clara a nossa disposição para o diálogo, como forma de diminuir o ônus da crise sobre os empregados. Mas a financeira não cedeu e manteve todas as decisões unilaterais que prejudicam pais e mães de famílias em um momento tão difícil para todos. É inadmissível que, num momento tão sofrido para a população e para a economia, uma empresa resolva cortar direitos que estão previstos em acordos coletivos de trabalho. É desumano”, critica a secretária-geral do Sindicato, Neiva Ribeiro.
Neiva lembra que outras financeiras e bancos optaram pela negociação como forma de valorizar os trabalhadores, mantendo direitos fundamentais nesse momento de crise. Mas a Pernambucanas não é uma delas. “Sabemos que a pandemia resulta em crise econômica, mas essa situação única no país demanda de todos solidariedade e responsabilidade social, principalmente das empresas. Passar por isso demanda amadurecimento, fixação de pilares sólidos e limites intransponíveis. Um deles deveria ser o respeito a homens e mulheres que, com seu trabalho diário, são os responsáveis pelo lucro da empresa. Desde o início da pandemia, o Sindicato vem negociando com grandes bancos e com instituições financeiras menores, medidas para preservação da vida e dos meios de subsistência de bancários e financiários. Esperamos que a Pernambucanas reveja sua postura e busque inspiração em bons exemplos de empresas que estão tentando passar pela crise respeitando empregados e sem ferir suas imagens.”
Neiva destaca ainda que o Sindicato não concorda com a MP 936, por entender que ela coloca o peso da crise nas costas da classe trabalhadora, mas reitera que a entidade está sempre disposta a negociar formas alternativas de passar pela crise mantendo empregos, salários e direitos.
“Quanto à suspensão do VA e VR e o não pagamento do adiantamento do 13º, o Sindicato procurará os meios legais para que a empresa respeite esses direitos previstos em acordo e na lei”, diz.
A secretária-geral lembra ainda que, com a reabertura do comércio em São Paulo, os trabalhadores da Financeira Pernambucanas, que estavam em home office, também voltaram ao trabalho presencial, sem qualquer negociação com o Sindicato. “Essa volta também foi sem nenhum diálogo com o Sindicato, o que condenamos, porque é preciso observar uma série de itens de saúde e de segurança para preservar a saúde e a vida desses trabalhadores.”
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