Pular para o conteúdo principal
Chapéu
Campanha dos Bancários 2022

Bancários debatem o Brasil que queremos e o papel dos bancos públicos

Imagem Destaque
Mesa da abertura solene dos encontros dos bancos públicos

Foi realizada nesta quarta-feira 8, em São Paulo, de forma híbrida, a abertura solene conjunta do 38º Conecef (Congresso Nacional dos Empregados da Caixa); 33º CNFBB (Congresso Nacional dos Funcionários do Banco do Brasil) e dos encontros do BNB, Basa e BNDES. 

“Vamos discutir não somente a nossa Campanha Nacional, mas também qual o Brasil que nós queremos e qual é a nossa contribuição para isso. Esse ano temos as eleições, quando temos a oportunidade de mudar tudo o que está aí. De tirar um governo que é racista, homofóbico, que não gosta das mulheres, com um monte de projetos de lei contra nós mulheres, negacionista, que foi antivacina, e tudo mais de que ruim que estamos vendo no nosso dia a dia. Sabemos que o Brasil que nós queremos passa pelas empresas públicas, pelos bancos públicos, tão importantes para o país, e que infelizmente o governo federal só pensa em privatizar. E nós, a categoria bancária, conseguimos que não chegasse a privatização no nosso setor com muita luta. Não por falta de vontade do governo (…) O Banco do Brasil e a Caixa, assim como todos os outros bancos públicos, são importantes para o crédito no país, para a agricultura, casa própria. Se hoje o governo utilizasse os bancos públicos como deveria, com seu papel social, nós não veríamos tantas famílias endividadas no cartão de crédito, que é o único crédito a que elas tem acesso hoje no país”

Ivone Silva, presidenta do Sindicato dos Bancários e Financiários de São Paulo, Osasco e Região e uma das coordenadoras do Comando Nacional dos Bancários

“Este evento é fundamental para o debate sobre a importância dos bancos públicos, para a reconstrução do Brasil que a gente quer. Um país com emprego, saúde, educação, soberania, equidade e democracia”, disse a presidenta da Contraf-CUT (Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro), Juvandia Moreira.

Durante a solenidade, representantes dos trabalhadores de cada banco público deram sua contribuição para o debate sobre o Brasil que a gente quer e o papel destas instituições neste processo. 

Também contribuíram no debate representantes de centrais sindicais como o presidente do Sindicato dos Bancários da Bahia e representante da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), Augusto Sérgio Vasconcelos; Rita Lima, coordenadora geral do Sindicato dos Bancários do Espírito Santo e representante da Intersindical; e Elisa de Figueiredo Ferreira, dirigente sindical do Sindicato dos Bancários de Campinas e representante da corrente política Unidade. 

Caixa

Na sua fala, o coordenador da CEE/Caixa (Comissão Executiva de Empregados da Caixa), Clotário Cardoso, lembrou do papel dos bancários dos bancos público durante a pandemia. 

“Nós, bancários, especificamente os de bancos públicos, sofremos muito na pandemia. Na Caixa, muitos trabalhadores se colocaram à disposição do povo e acabaram em uma situação de risco à vida. Gostaria de homenagear os companheiros e companheiras que faleceram durante a pandemia por uma estupidez dos bancos, de um governo fascista. Nós temos o compromisso com os bancários na Campanha Nacional e, sobretudo, com o país, elegendo um presidente que tenha compromisso com o povo, com a ciência, com a verdade. Espero que no dia 2 de outubro teremos um Brasil muito melhor”, enfatizou Cardoso. 

Já o presidente da Fenae (Federação Nacional das Associações do Pessoal da Caixa), Sérgio Takemoto, citou números recentes da fome no Brasil e os desafios que os trabalhadores têm pela frente em 2022. 

“Não dá para aceitarmos naturalmente um país onde 33 milhões de pessoas não tenham o que comer. É por isso que esse é o ano das nossas vidas. Que temos o maior desafio das nossas vidas, de fazer esse país retomar o caminho da democracia. Já passamos por uma experiência sobre o Brasil que a gente quer. Nos governos democráticos e populares de Lula e Dilma caminhamos muito nessa direção. Tínhamos o pleno emprego, a Caixa e os bancos públicos viviam aquilo que a gente espera para os bancos públicos. Temos um grande desafio que é essa Campanha Salarial, mas principalmente, como foi dito aqui, temos um desafio em outubro, que é resgatar a democracia e eleger um presidente comprometido com as nossas pautas”, disse Takemoto. 

Banco do Brasil

Por sua vez, o diretor do Sindicato dos Bancários de São Paulo e coordenador da CEBB (Comissão de Empresa dos Funcionários do Banco do Brasil), João Fukunaga, reforçou que as eleições são decisivas para a própria existência de bancos públicos. 

“Com certeza qualquer projeto liberal, que seja representado pelo atual presidente ou qualquer outro dessa linha, significa o fim dos bancos públicos. Só um governo progressista irá defender os bancos públicos, como defendeu ao longo dos últimos anos. Utilizando os bancos públicos como fomentadores da economia, para evitar crises econômicas. Também queremos fazer um debate sobre a importância do Banco do Brasil para a agricultura familiar. A alta do preço dos alimentos tem nome e responsabilidade. É a falta da atuação dos bancos públicos e o fim das políticas públicas governamentais”

João Fukunaga, diretor do Sindicato dos Bancários de São Paulo e coordenador da CEBB

BNDES 

Arthur Koblitz, representando os bancários do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), lembrou da intensa perseguição ao BNDES e seus empregados desde o golpe contra a ex-presidenta Dilma Rousseff, em 2016.

“Temos vivido alguns momentos dramáticos em defesa dos empregados do banco, da instituição do BNDES, que foi alvo preferencial de ataque dos governos Temer e Bolsonaro. Tivemos para perder tudo, inclusive a vinculação do BNDES na Constituição. E, nessa luta, sempre tivemos como aliados o Sindicato dos Bancários do Rio de Janeiro, a Contraf-CUT, e sindicatos de outros estados (…) Desejamos que o Congresso fortaleça a gente para enfrentar os desafios do nosso país, que é muito desigual”, afirmou.

Banco do Nordeste (BNB)

O coordenador do Comitê em Defesa do Banco do Nordeste, Robson Araújo, lembrou da valorização do Banco do Nordeste durante os governos do ex-presidente Lula. 

“Tivemos mais de uma década de avanços como o Fies, ProUni, interiorização de universidades e institutos federais, SAMU, Luz para Todos, Minha Casa Minha Vida, Ciência Sem Fronteiras, transposição do Rio Francisco. Naquele momento tivemos a recuperação e fortalecimento das empresas estatais, desmanteladas por governos anteriores. O Banco do Nordeste dobrou o número de funcionários e agências, e teve o volume de recursos aplicados no Nordeste multiplicado em mais de 160 vezes em relação ao ano de 2002”, destacou. 

E criticou o governo Bolsonaro. “Tudo o que esse governo tem feito contra as estatais prova que as milícias que tomaram conta do país não têm nada de patriota. Patriota de verdade defende nossas estatais, defende nossos bancos públicos, defende o combate às desigualdades.”

Banco da Amazônia (Basa)

O coordenador da Comissão de Negociação dos Empregados do Banco da Amazônia (Basa), Sérgio Trindade, destacou a importância da instituição para a região amazônica e defendeu o papel dos bancos públicos para o desenvolvimento.

“O Banco da Amazônia representa muito para uma região continental, complexa, de importância nacional e mundial. O Basa tem o papel de chegar aos lugares mais longínquos e carentes da presença do Estado. Tem esse papel, de fomentar o desenvolvimento regional, trabalhar para a redução das desigualdades (…) O Banco da Amazônia é muito importante e necessário. Ao contrário do que dizem Bolsonaro e Paulo Guedes, que defendem as privatizações, os bancos públicos são essenciais e necessários para o desenvolvimento do país”, disse. 

Mobilização

O presidente da CUT, Sérgio Nobre, enviou vídeo que foi exibido na solenidade, no qual enfatizou o papel do movimento sindical para a eleição de candidatos comprometidos com os interesses dos trabalhadores.

“Temos de ir além da mobilização nos locais de trabalho e falar com a população nos bairros, ir à periferia do país, ocupar as redes sociais, levar nossa narrativa e explicar ao povo porque o Brasil está vivendo essa tragédia. Temos que estar muito preparados. Esse será o papel das brigadas digitais, produzir e divulgar informação verdadeira para ajudar a esclarecer a população e derrotar Bolsonaro nas redes sociais e nos aplicativos de mensagens.”

Unidade

Convidado para fazer uma fala na solenidade, o bancário e ex-governador do Piauí, Wellington Dias, parabenizou o evento em conjunto e destacou a importância da unidade na luta. “Eu tenho dialogado sobre a importância de não ficar no isolamento, de levar a batalha, a luta e a organização para coletividade. A importância de que todos os trabalhadores, sejam do Banco do Brasil, da Caixa Econômica, do Banco do Nordeste, todos os bancos, construam de modo unificado.”

Eletrobras

Durante a solenidade, uma das convidadas foi a especialista em Energia e Sociedade no Capitalismo Contemporâneo pela UFRJ, trabalhadora do Sistema Eletrobrás e dirigente do Sindicato dos Urbanitários do Distrito Federal, Fabiola Latino Antezana, que comentou sobre a iminente privatização da Eletrobras e a esperança de uma reestatização com uma possível mudança no governo federal. 

“A privatização da Eletrobras vai penalizar não apenas os trabalhadores da empresa, que perderão os empregos, mas toda a população, com o aumento da tarifa de energia. O governo federal veio com um mantra de que a empresa não tinha capacidade de investimento, assim como faz com todas as empresas públicas. Mas a realidade é que houve uma política de gestão visando esse enfraquecimento para poder privatizar a Eletrobras. Nós acreditamos que a eleição de Lula e de candidatos do campo progressista vai pavimentar o caminho para as empresas públicas ajudarem a reconstruir esse país”, avaliou a dirigente do Sindicato dos Urbanitários.

Desarmar a bomba atômica social é derrotar Bolsonaro

A solenidade foi encerrada com a participação do economista Eduardo Moreira, que durante a sua fala traçou um panorama sobre a situação dramática pela qual passa o país. “As estatísticas são o retrato de um inferno. Esse número da fome, de 33 milhões de pessoas passando fome. Há dois anos eram 19 milhões.” 

“Estamos entrando em uma nova economia que funciona prometendo que as pessoas serão empreendedoras, empresárias, que vão poder competir com todo mundo, com as grandes empresas, sem intermediários, em plataformas. É a economia do Mercado Livre, da Amazon (…) Nessa nova economia existem três principais custos: financiamento; energia; e envio de mercadoria. Não é a toa que querem privatizar Caixa, BB, Eletrobras, Petrobras e Correios. É tudo um plano muito bem montado. Para o cara que é pequeno, ele vai ter que comprar de monopólio privado, e vai ter esses três custos muito mais caros que os grandes. Não vai conseguir competir e vai ter que trabalhar para os grandes. Em qualquer condição, porque derrubaram as leis trabalhistas. E vai ter que trabalhar para sempre, uma vez que não tem mais previdência. Isso é uma bomba atômica social que foi feita no Brasil. E a única maneira para que ela não exploda é tirarmos Bolsonaro do poder em outubro”, concluiu Eduardo Moreira. 

Campanha dos Bancários 2022

O 38º Conecef (Congresso Nacional dos Empregados da Caixa) e o 33º CNFBB (33º Congresso Nacional dos Funcionários do Banco do Brasil) continuam nesta quinta 8 e sexta-feira 9.

Nesta quinta 9, também serão realizados os encontros nacionais dos bancos privados (Bradesco, Itaú e Santander).

Já no final de semana, entre os dias 10 e 12 de junho, será realizado a 24ª Conferência Nacional dos Bancários.

seja socio