
Ao saber que uma bancária sofria ameaças do seu ex-companheiro, o Bradesco decidiu demiti-la. A empregada seria promovida, mas acabou mandada embora após o seu novo gestor tomar conhecimento do caso.
Laís (nome fictício) conta que o término do relacionamento não foi aceito pelo então namorado. Além de agredi-la fisicamente, ele também passou a assedia-la por meio de ligações insistentes, inclusive na agência, e reclamações ao Banco Central – ele era também cliente do banco.
Ameaça de morte
A perseguição escalou para ameaça de morte por meio de mensagem no WhatsApp. Isto a fez mudar de casa, para perto da unidade onde estava lotada, nos Jardins.
A bancária também notificou seus superiores: o gerente administrativo e a gerente geral. O agressor passou a persegui-la também na unidade, rondando de carro o local, o que fez os gestores sugerirem a ela que mudasse de agência.
“A GG falou que eu não poderia ficar naquela agência porque estava trazendo risco não só para os demais funcionários, mas também para os clientes. Ela ligou para o gerente regional e resolveram me transferir. Eu estava para ser promovida para o setor digital, mas o novo gerente perguntou o real motivo da transferência. A GG falou que a minha vida estava um caos, que eu estava sofrendo ameaças de morte, que meu ex-companheiro tinha aparecido na agência. Contou tudo o que estava acontecendo”, relata.
Demissão ao invés de promoção
Duas semanas se passaram, até que foi chamada para uma reunião com a gerente geral e o gerente administrativo. Ali ela foi demitida.
“Falaram que nada poderia ser feito, que a ordem veio lá de acima, mas depois a GG disse ‘você sabe o real motivo’. Que por tudo o que vinha acontecendo não tinham mais como me realocar, e optaram por me demitir”, afirma.
Laís então entrou em contato com o Sindicato, que a incluiu no Projeto Basta!. Por meio de atendimento jurídico gratuito oferecido pelo Sindicato, a iniciativa atua no sentido de assegurar medidas de apoio às denunciantes contra possíveis agressores, buscando apuração e punição nas esferas corporativa, civil ou penal.
O Sindicato também tentou insistentemente um processo de reintegração, mas o Bradesco manteve a demissão alegando que ela não tinha perfil para trabalhar no banco, mesmo com sua promoção encaminhada.
“É inadmissível a postura de um banco que tanto defende a responsabilidade social nas suas publicidades, demitir uma funcionária que encontrava-se em estado de vulnerabilidade”, protesta Elaine Machado, diretora do Sindicato dos Bancários de São Paulo. “Essa demissão foi uma crueldade disfarçada de eficiência”, afirma.
“Fui demitida fazendo processo de terapia que eles mesmos me indicaram, afirmaram que o banco estava comigo, que iam me apoiar. Um dia o advogado e o responsável pela segurança corporativa me acompanham na delegacia, e no outro sou demitida. Foi um susto. Eu não esperava, porque toda hora diziam que estavam do meu lado”, lamenta Laís.
Projeto Basta!
O Sindicato disponibiliza, desde dezembro de 2019, o programa “Basta! Não irão nos calar!”, que busca dar suporte às mulheres vítimas de abuso sexual, assédio moral e sexual, e violência de gênero na relação com seus pares no banco ou na sua vida familiar.
Desde sua implantação, em âmbito nacional, o programa atendeu 504 mulheres vítimas de violência e foi responsável por 292 pedido de medidas protetivas (até fevereiro de 2025). O Sindicato dos Bancários de São Paulo e mais 13 entidades de bancários filiadas à Contraf-CUT participam da iniciativa.
Em todos os atendimentos, foram registrados relatos de ao menos duas formas de violência doméstica e/ou familiar, são elas: física, psicológica, patrimonial, moral e sexual. As maiores incidências são de violência física e psicológica
Para falar com o projeto Basta! Não irão nos Calar! - em São Paulo, Osasco e região - basta entrar em contado pelo WhatsApp (11 97325-7975).
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