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Crédito aumenta, mas ainda é insuficiente

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Relação com PIB passou de 50,9% para 55,2% em 12 meses, mas ainda é pequena comparada com a de países desenvolvidos. Nota do BC também mostra que juros bancários subiram
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São Paulo – O Banco Central informou que o estoque das operações de crédito no país atingiu um total de R$ 2,531 trilhões em junho. Houve expansão de 1,8% em relação a maio e de 16,4% em 12 meses. Com isso, a relação crédito/PIB ficou em 55,2%, ante 54,7% do mês anterior e 50,9% em junho de 2012.

“Os dados do BC mostram avanço do crédito sobre PIB, mas ainda está muito distante do patamar das economias desenvolvidas, onde essa relação ultrapassa 100%”, observa a presidenta do Sindicato, Juvandia Moreira.

Na zona do euro, por exemplo, a relação crédito/PIB passa de 130%, nos EUA é de 191% e na China é de 127%. No vizinho Chile, essa relação também é maior que no Brasil: 71%.

Bancos públicos – A nota do BC também mostra que as instituições financeiras públicas são as responsáveis pela metade desse crédito: “Os bancos públicos, com participação expressiva de recursos direcionados, mantiveram desempenho significativo, apresentando elevação mensal de 3,5%, alcançando R$ 1,273 trilhões em junho e ampliando sua representatividade para 50,3% do total de crédito do sistema financeiro”.

Enquanto que os empréstimos concedidos pelas instituições privadas nacionais registraram redução de 0,3%, com participação de 34,2%. Já os concedidos pelos bancos privados estrangeiros tiveram aumento de 0,9%. Essas empresas respondem por uma parcela de 15,5% do total de crédito.

Juros – Outro destaque do boletim é o crescimento da taxa média geral dos juros bancários, que alcançou 18,5% em junho, uma alta de 0,4 ponto percentual no mês. No ano, porém, houve redução de 1,6 p.p.

A variação mensal, segundo o BC, refletiu a elevação de 0,7 p.p. na taxa referente ao crédito livre e de 0,2 p.p. nas operações com recursos direcionados (os recursos que os bancos têm de destinar a determinados fins como habitação e agricultura).

Nos empréstimos para PF, a taxa média atingiu 24,3%, após aumento de 0,3 p.p. no mês. Nos créditos às empresas, a taxa média de juros ficou em 14%, após elevação mensal de 0,5 p.p.

“Os altos juros bancários atravancam a economia do país. Houve elevação este mês e provavelmente isso é reflexo do aumento da taxa Selic”, critica Juvandia.

O Banco Central informa ainda que a inadimplência do sistema financeiro, referente aos atrasos superiores a noventa dias, declinou 0,2 p.p. no mês e 0,4 p.p. em um ano, correspondendo a 3,4% do saldo total dos créditos com recursos livres e direcionados, posicionando-se em seu menor nível desde julho de 2011.

Para Juvandia, isso é mais uma prova de que a alta de juros é improcedente. “Não se justifica uma alta das taxas com inadimplência tão baixa”, afirma.

Spread – O BC também informa que o spread bancário – diferença entre o que o banco gasta ao captar recursos e quanto ele cobra ao emprestar – recuou 0,4 p.p., situando-se em 10,9 p.p em junho, menor patamar da série iniciada em março de 2011. Essa redução não ocorreu pela queda das taxas de juros que, como informou o BC, subiram. Foi consequência do aumento do custo de captação dos bancos no mês.

“O spread bancário no Brasil continua sendo um dos mais elevados do mundo e tem de cair, mas isso tem de acontecer pela queda dos juros, ou seja, pela diminuição do custo dos empréstimos concedidos pelos bancos. O crédito é fundamental para e economia e já passou da hora de os bancos contribuírem com o desenvolvimento do país”, afirma Juvandia.


Andréa Ponte Souza - 29/7/2013

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