
São Paulo – A possibilidade de um racionamento de água ainda este ano é motivo de preocupação para 67,6% das indústrias, de acordo com levantamento realizado pela Fiesp. A pesquisa aponta que as empresas de grande porte são as mais preocupadas (75% ante 68,1% das pequenas e 64,3% das médias).
Para 64,9% das indústrias, a medida teria impacto sobre seu faturamento e 74% indicaram que a produção pode ser prejudicada. Para 2,2% das empresas, um eventual racionamento acarreta em grandes perdas, pois todo material momentaneamente processado seria perdido.
Das empresas que participaram da pesquisa, 54,5% não possuem uma fonte alternativa de água, enquanto 21,8% possuem e são capazes de manter a produção durante eventuais interrupções, enquanto 20,8% não dependem do sistema de abastecimento de água.
O levantamento foi realizado entre os dias 12 e 26 de maio e consultou 413 indústrias. Foram 229 empresas de micro e pequeno porte (até 99 empregados), 140 de médio porte (de 100 a 499 empregados) e 44 de grande porte (500 ou mais empregados).
Idec – O Idec (Instituto de Defesa do Consumidor) também está reunindo informações de consumidores que sofrem com o racionamento de água em São Paulo, mesmo diante das negativas do governo Geraldo Alckmin quanto a interrupções no abastecimento.
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Entre 26 de junho, quando a consulta começou, até 10 de julho, foram registrados 178 relatos de falta de água. Na maioria dos casos (74%), a escassez acontece no período noturno, seguido por manhã (16%), durante o dia inteiro (13%) e no período da tarde (4%). Além disso, 58% dos participantes percebem comprometimento na qualidade da água.
Quem estiver sofrendo com o racionamento de água e quiser contribuir com o levantamento do Idec deve clicar aqui.
Crise – As represas que compõem os sistemas Cantareira e Alto Tietê – responsáveis por abastecer 12,5 milhões de pessoas na Grande São Paulo e cidades próximas – continuam registrando queda no volume de água.
Nessa quinta 17 os reservatórios registraram nova queda de 0,2% em relação a quarta 16, chegando a 17,8% (Cantareira) e 23,4% (Alto Tietê). Há um ano o volume de ambos era 54,9% e 63,3%, respectivamente. Porém, o volume útil do Cantareira – sobre o qual era calculado o percentual disponível – zerou no final de semana, dias 12 e 13, o que dificulta comparações. Em razão da redução do Alto Tietê, a Sabesp já cogita o uso do volume morto deste sistema também.
Na segunda-feira 14, a Sabesp emitiu nota informando que “está executando estudos para o possível aproveitamento da reserva técnica do Sistema Alto Tietê e da ampliação do uso da reserva do Sistema Cantareira.” Reserva técnica é o nome oficial do chamado volume morto, que fica abaixo da capacidade de vazão normal das represas para abastecimento da população.
Omissão – O Ministério Público cobra explicações do governo do estado sobre remanejamento de água do Sistema Alto Tietê a áreas atendidas pelo Cantareira. O complexo Alto Tietê atende a dois municípios do ABC paulista: Santo André e Mauá.
“Visualmente, constatamos que os dois sistemas têm um baixo volume de água (Cantareira e Alto Tietê). Vamos apurar com o inquérito se houve omissão no gerenciamento ou irregularidade na iniciativa de desviar a água”, afirmou o promotor de Justiça Ricardo Manuel Castro, autor do inquérito.
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Redação, com informações da Fiesp – 17/7/2014
