São Paulo – O Metrô de São Paulo reincorporou ao menos dois dos 42 funcionários demitidos após a greve da categoria, que paralisou parcialmente o sistema de 5 a 9 de junho, às vésperas da Copa do Mundo. Os dois metroviários já estariam trabalhando normalmente, mas preferem ter a identidade preservada para evitar novas represálias da companhia.
De acordo com integrantes do Sindicato dos Metroviários de São Paulo, que avalia as demissões como uma retaliação política do governo do estado, o desligamento desses dois funcionários era ainda mais absurdo que os demais: eles haviam sido incluídos “por engano” na lista de demitidos.
Apesar de terem aderido às paralisações, nenhum deles participou das “ações de convencimento” que os grevistas realizaram nas estações Bresser, Brás, Santa Cecília, na Linha 3-Vermelha, e Ana Rosa, na Linha 1-Azul, na tentativa de impedir que funcionários da administração e supervisores levassem adiante o plano de contingência proposto pela empresa.
A participação nos chamados piquetes, reprimidos pela Tropa de Choque da Polícia Militar, foi o maior argumento utilizado pelo Metrô e pelo governo do estado para demitir os grevistas. O governador Geraldo Alckmin (PSDB) sustenta que os metroviários “depredaram” o patrimônio da companhia e “impediram” a circulação dos trens. Os metroviários negam.
“É a primeira vitória da campanha pela readmissão e mostra que é possível reverter as outras demissões”, diz um informativo veiculado hoje (16) pelo sindicato, que elenca as atitudes que vem tomando para convencer a empresa a reincorporar os trabalhadores. “A reintegração é consequência da luta da categoria, que vai continuar até que todos voltem a seus postos de trabalho.”
Procurado pela RBA, o Metrô ainda não explicou a razão da demissão dos metroviários agora reincorporados nem o motivos de sua readmissão.
Na quinta 17, os trabalhadores vão ingressar com processo na Justiça do Trabalho pela reintegração dos outros 40 demitidos. Os recursos administrativos apresentados pelos metroviários à companhia, contra as demissões por justa causa, não foram aceitos. A ação será precedida de um ato público na Praça da Sé, no centro da capital, às 16h.
Na sexta-feira 18, às 18h, será realizado um outro ato público, na Câmara Municipal de São Paulo, em defesa do direito de greve e das manifestações. Os metroviários avaliam que a repressão à greve é parte de um processo de criminalização dos movimentos sociais e de trabalhadores.
Na última segunda-feira (14), os metroviários participaram de uma audiência pública na Comissão de Direitos Humanos do Senado. O senador Paulo Paim (PT) se comprometeu a encaminhar uma carta pedindo a reintegração dos demitidos ao governador Geraldo Alckmin (PSDB), em nome da comissão.
Dois projetos de lei foram protocolados propondo a anistia aos trabalhadores demitidos. Um na Assembleia Legislativa de São Paulo, de iniciativa da deputada estadual Leci Brandão (PCdoB), e outro, da deputada federal Luiza Erundina (PSB-SP), na Câmara.
Rodrigo Gomes e Tadeu Breda, da Rede Brasil Atual - 16/7/2014
Linha fina
Metroviários já estão trabalhando. De acordo com sindicato, eles foram demitidos 'por engano' junto com outros 40, pois não participaram dos piquetes
Imagem Destaque