São Paulo – O marketing interno do Bradesco propaga a imagem de que o banco e seus trabalhadores são uma grande família. Só que o Sindicato tem recebido muitos casos de bancários demitidos após mais de 30 anos de dedicação ao banco e próximos do período de estabilidade pré-aposentadoria.
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Essas demissões estão sendo feitas sem qualquer avaliação negativa prévia. O movimento sindical luta há anos para que o Bradesco estabeleça um Plano de Cargos, Carreira e Salários com critérios claros e transparentes para promoção e também demissão. Também reivindica que o banco se comprometa a reconhecer os termos da convenção 158 da Organização Internacional do Trabalho, que coíbe demissões imotivadas.
“O funcionário foi competente e serviu ao banco durante 30 anos e, de uma hora para outra, é demitido sem antes ter recebido qualquer avaliação negativa”, critica a dirigente sindical Liliane Fiuza.“É um absurdo e um desrespeito, porque está claro que o Bradesco quer se livrar desses profissionais que geralmente recebem salários mais altos. Mesmo se a empresa estivesse passando por uma situação financeira delicada, o que não é o caso do Bradesco, não se justifica essa atitude.”
O Bradesco teve lucro líquido ajustado de R$ 17,121 bilhões em 2016. Mesmo com tal resultado, o banco extinguiu empregos. No final do ano passado tinha 108.793 funcionários, dos quais 21.016 foram incorporados do HSBC no segundo semestre de 2016. Em setembro do ano passado, já com a incorporação, o Bradesco contava com 109.922 funcionários, o que significa que nos últimos três meses de 2016 fechou 1.129 postos de trabalho.
Lucros só aumentam – Em 2017 o banco continuou com o lucro nas alturas. Nos três primeiros meses do ano lucrou R$ 4,648 bilhões. O resultado corresponde a crescimento de 13% em doze meses e 6% no trimestre. A instituição financeira encerrou março de 2017 com 106.644 empregados, aumento de 15.249 postos de trabalho se comparado ao mesmo mês de 2016. A expansão foi motivada pela incorporação do HSBC. Se analisado o período logo após a incorporação, houve redução de 3.278 postos de trabalho desde setembro do ano passado.
“Os resultados atestam que o banco está longe de viver uma situação financeira que demandaria demissões. A isso soma-se a realidade apresentada por muitos departamentos onde os funcionários enfrentam a sobrecarga de trabalho decorrente do corte de postos de trabalho", ressalta Liliane. “O banco ganha muito da sociedade, e o mínimo que deveria dar em contribuição seria a geração de postos de trabalho, mas nem isso é capaz de fazer”, critica a dirigente.
“E ainda por cima, propaga ser uma família mas demite pais e mães que se encontram próximos do período de estabilidade pré-aposentadoria. Que família é essa que descarta seus entes que dedicaram uma vida inteira justo no momento que mais necessitam de tranquilidade e estabilidade?”, questiona Liliane. “Cobramos o fim das demissões imotivadas e que o Bradesco cumpra com a função social que uma concessão pública deve ter, por meio da geração de empregos e o respeito aos seus empregados”, afirma a dirigente.