A Comissão de Empresa dos Funcionários do BB (CEBB) reuniu-se com representantes do Banco do Brasil em mais uma rodada de negociação para tratar de temas relacionados à GDP, assédio moral, assédio sexual e conflitos nos locais de trabalho.
Embora a Ouvidoria Interna do BB tenha apresentado aprimoramentos na atuação de seu escopo, com possibilidade de melhora na apuração e condução dos processos, os negociadores do banco ainda não apresentaram respostas para as reivindicações que os sindicalistas já haviam apresentado anteriormente; e a devolutiva causou frustração entre os presentes, com piora nos modelos de avaliação (GDP) e desempenho (Conexão).
A piora no novo modelo de GDP da empresa deve-se a chamada “cesta de pontuação”, no qual os gestores não podem dar notas excepcionais (nota 5) pra todos os funcionários de uma determinada equipe, mesmo toda a equipe ou Unidade ter alcançado um resultado excepcional, e também pelo aumento do peso do gestor na avaliação dita 360º, em detrimento do peso da autovaliacao que agora não tem nenhum valor.
“Isso vai na contramão da realidade. É perfeitamente possível que o excelente resultado de uma equipe possa ser compartilhado com o esforço de todos de maneira equânime e excelente. Todos podem ter contribuído excepcionalmente”, diz Getúlio Maciel, dirigente sindical da Fetec-CUT/SP e membro titular da CEBB.
Em contrapartida, o banco entende que notas baixas podem ser compartilhadas igualitariamente com todos da equipe. Ou seja, na visão da empresa, todos podem ser igualmente ruins, mas nem todos pode ser excepcionalmente bons, o que gera um grande contrassenso.
“Aparentemente, o BB está usando informalmente a ferramenta de GDP para ranquear funcionários dentro da mesma equipe, onde alguns obtém notas menores e outros notas maiores, apesar do bom resultado da equipe, com impacto nos programas de gratificação e remuneração variável (PLR e PDG). Sem falar no recrudescimento de outras coisas ruins como induzir as pessoas a darem notas mais baixas a pares, subordinados e colegas sem justificativa convincente e maior facilidade em descomissionamentos, aumentando os conflitos e as injustiças e, portanto, piorando o clima nas unidades e agências”, afirma Getúlio.
Dentro do que a empresa está propondo, excelentes funcionários seriam prejudicados e assim geraria mais desmotivação e descontentamento entre pessoas e equipes. Logo, o banco se afasta da grande realidade das equipes e do conceito de sinergia (o todo maior que a soma das partes), tão propagado nos últimos tempos. Se uma unidade possui resultado de excelência, isso é reflexo de trabalho em equipe.
Porém, um dos fatos mais preocupantes foi a implementação do novo Conexão para caixas e escriturários (agentes comerciais). Isso pode dar oportunidade para maus gestores estimularem o adoecimento por meio da concorrência exacerbada, do assédio moral, e do ranqueamento entre funcionários.
A empresa alega que está unificando sistemas com métricas distintas para acompanhamento dos resultados de maneira mais simplificada.
“É sabido que hoje a empresa detém em torno de 27 mil escriturários. Essa estrutura atual do banco demonstra que os cargos de escriturários basicamente são os grandes responsáveis pelos resultados da grande maioria das agências. Entretanto, nenhum desses colegas têm salários compatíveis com cargos comissionados ou com responsabilidade gerencial. As regras básicas para recebimento de PLR não são afetadas ou alteradas e estão garantidas no acordo coletivo. Sem falar que as metas negociais nas agências tem sido muito altas. Portanto, é terrivelmente preocupante colocar esses funcionários no Conexão”, alerta Getúlio
Diante disso, o banco está transformando ferramentas de aprimoramento e colaboração em algo desagregador e desmotivador de que fortalece a individualização de metas, ferindo um conceito maior de coletividade, causando desunião e excesso de competitividade, afastando a possibilidade de se ter uma boa gestão pelo propósito.
Ambas as mudanças receberam uma enorme quantidade de críticas dos funcionários nos canais internos de comunicação do BB - a chamada Agencia de Noticias (AGN) -, ao encontro do entendimento dos membros da CEBB, que pediram a revogação dessas medidas, e um esforço maior da empresa em melhorar essas ferramentas de gestão de pessoas, uma vez que tais medidas foram implementadas sem o devido diálogo com os representantes dos trabalhadores.
“Esperamos que o banco reveja esses procedimentos, para o bem do funcionalismo
e para o bom atingimento dos objetivos da empresa, sem prejudicar o trabalhador que deseja um ambiente saudável e que faça sentido de fato”, finaliza Getúlio Macial.