
O Sindicato dos Bancários de São Paulo tem recebido inúmeras denúncias de bancários do Bradesco lotados nas Plataformas Digitais. Eles relatam um ambiente de trabalho marcado por assédio moral e pressão excessiva para o cumprimento de metas.
A gestão da área tem gerado um impacto direto na saúde e no bem-estar dos empregados. Os relatos apontam para uma rotina de cobranças desrespeitosas e intimidadoras que levam muitos a desenvolverem crises de ansiedade, afastamentos médicos, medo de demissão, queda de desempenho e desmotivação.
Não há clareza sobre a origem principal da pressão, que é generalizada – diretores, superintendentes, regionais e gerentes gerais exercem cobranças intensas e constantes.
Rotina exaustiva e metas abusivas
Os trabalhadores são submetidos a uma carga de trabalho exaustiva que inclui:
- Gestores não os orientam a trocar o headset de um ouvido para o outro, ou a se consultarem com fonoaudiólogo;
- Algumas equipes precisam fazer 30 ligações ou mais por dia. Dentro destas 30, 10 tem de ser efetivas com duração mínima de um minuto para validação;
- Ligações incompletas, ocupadas ou sem atendimento não são computadas, aumentando a pressão por resultados, que devem ser obtidos a qualquer custo;
- Responder e-mails e mensagens de WhatsApp de clientes;
- Vender produtos;
- Interagir em grupos de mensagens internos;
- Participar de reuniões com superintendente, gestores e regionais (via Teams), que muitas vezes são desrespeitosos, gritam, são brutos, humilham e expõem constantemente na hora de cobrar;
- As cobranças são feitas até mesmo em horários de almoço (via WhatsApp) e nas pausas para café ou banheiro, com fiscalização e críticas constantes por qualquer afastamento do posto de trabalho;
- As abordagens utilizadas são frequentemente em tons de intimidação e constrangimento.
Doentes e com medo de demissão
O Sindicato fez reunião com o RH do banco e com os regionais da plataforma, que prometeram reorientar os gestores. As melhorias, contudo, foram apenas temporárias, com as condições piorando novamente após curto período.
“Já reportamos diversas vezes ao banco esses problemas e nada foi resolvido. Na mesa de negociação a direção do Bradesco alega que não há assédio moral, mas estamos recebendo várias denúncias que apontam condutas abusivas nas plataformas digitais”, afirma Sandra Regina, diretora do Sindicato e bancária do Bradesco.
A dirigente acrescenta que os bancários estão trabalhando doentes, desmotivados e com medo de serem mandados embora.
“Eles não têm qualidade de vida e incentivo. E cada dia piora cada vez mais. Cobrança de metas não pode ter assédio moral, o que é contraprodutivo para o próprio banco, pois trabalhadores adoecidos produzem menos. Já passou muito da hora de o Bradesco e de outros bancos acabarem com a violência organizacional focada na obtenção de resultados inalcançáveis”, cobra a dirigente.
Problemas estruturais
Além da pressão psicológica, a infraestrutura física também apresenta problemas:
- As Ppataformas estão frequentemente superlotadas e barulhentas, assemelhando-se a centrais de atendimento;
- Há uma pressão de alguns regionais para diminuir o trabalho remoto, obrigando os empregados a enfrentarem deslocamentos longos e cansativos. Muitos carregam mochilas pesadas, acordam cedo e utilizam transporte público lotado ou precário;
- O Sindicato cobra há anos transporte exclusivo (vans) da estação Osasco da CPTM até a Cidade de Deus (ida e volta). O banco alega que está analisando a reivindicação, mas enquanto isso segue privando os empregados de perderem menos tempo de deslocamento no trajeto.
“Além da pressão psicológica, os empregados ainda precisam conviver com problemas estruturais que atrapalham ainda mais sua rotina; com dificuldades para chegar ao trabalho e com ameaças como o fim do trabalho remoto. Essa situação inaceitável causa muito sofrimento e adoecimentos nos trabalhadores que ajudam a construir o resultado da instituição financeira”, critica Sandra.
“Seguiremos cobrando a direção do Bradesco até que toda forma de assédio seja eliminada do local de trabalho, que também deve manter condições ideais para a execução do trabalho. Seguiremos reivindicando também translado da CPTM até a Cidade de Deus”, finaliza a dirigente.
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