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Empregados cobram maior compromisso da Caixa com igualdade e diversidade no banco

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Empregados da Caixa em negociação com a direção do banco sobre diversidade e igualdade de oportunidades

A Comissão Executiva dos Empregados (CEE) da Caixa Econômica Federal reiterou a cobrança, nesta sexta-feira 19, em reunião de negociações realizada em São Paulo, para que o banco tenha mais compromisso com a promoção de medidas de respeito à diversidade e de inclusão das pessoas com deficiência (PCD) e neurodivergentes. Representantes do Comitê de Diversidade da Caixa também participaram da reunião e entregaram ao banco um documento com considerações sobre o Programa de Diversidade e Inclusão da Caixa.
 

“Há um distanciamento muito grande entre aquilo que a Caixa nos apresenta e sobre a forma que diz conduzir estas políticas, do que diz nossos colegas que hoje estão aqui representando o Comitê de Diversidade. Precisamos discutir a organização das comissões regionais de diversidade para que haja soluções efetivas para os problemas que afetam esse público”, cobrou o dirigente sindical e coordenador da CEE/Caixa, Rafael de Castro, ao propor uma reunião de organização das ações antes do evento específico para este público, que a Caixa vai realizar no dia 26 de julho.
 

O banco se comprometeu a manter contato com as gerências regionais de pessoas (Gipes) e as representações regionais (Repes), que estão previstas para voltar a funcionar no dia 5 de agosto, para acertar esta organização e, na semana que vem, antes do evento específico que será realizado pela Caixa no dia 26, se reunir com os representantes do Comitê.
 

A dirigente sindical Vivian Sá, destacou o pedido de redução de jornada para quatro horas diárias para pais de PCD. “Existem diversas questões que precisam ser observadas e clausuladas para que haja a garantia do direito às pessoas PCDs”, disse. “Na Caixa existem muitas coisas, como cadeiras inadequadas, piso elevado quebrado, mobiliário do caixa que atrapalham o dia a dia de pessoas sem deficiência,  as que têm deficiência isso é muito pior”, observou.
 

Os representantes da Caixa afirmaram que o banco não é contrário a inclusão de cláusulas em relação à diversidade no Acordo Coletivo de Trabalho (ACT) e, diante dos muitos pontos a serem tratados, se dispôs a continuar as negociações sobre as políticas voltadas às PcD em uma mesa específica, no mês de agosto. Mas disseram que as reivindicações que envolvem custos para o banco precisam ser negociadas com a Secretaria de Coordenação e Governança das Empresas Estatais (Sest) do Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos (MGI).
 

Igualdade salarial


Diante da afirmação da Caixa de que no banco não há diferença salarial entre homens e mulheres e que a remuneração é definida de acordo com os cargos ocupados, a representação dos empregados observou que, neste caso, o problema está na falta de ascensão na carreira.

“Não há salário diferente para o mesmo cargo, mas os dados mostram que as mulheres têm menos acesso aos cargos de direção. Os cargos com salários maiores são restritos aos homens e aí se dá a diferença”, observou Rafael de Castro.

“E quando apontamos esta questão, tem gente que vem com argumentos ultrapassados e preconceituosos de que para ascender na carreira é preciso ter qualificação. E, mais uma vez, os dados mostram que as mulheres, mesmo tendo melhor qualificação, são preteridas nas seleções para cargos de direção e têm remuneração menor do que as dos empregados homens”, completou.
 

Invisibilidade e preconceito


Castro ainda apontou o problema da inviabilização e preconceito sofrido pelas empregadas e empregados LGBTQIA+. “A inviabilização sempre foi e continua sendo um grande problema que impede qualquer avanço na carreira”, disse. “Trabalhadores da comunidade LGBT, é assediado moralmente. Principalmente por gestores de religiões que questionam a comunidade LGBT. São estes que farão as rodas de diálogo com os empregados sobre a questão do preconceito?”, questionou o dirigente, se referindo à proposta da Caixa de realizar rodas de diálogo sobre o tema. “A Caixa precisa ter uma orientação sobre estas atividades, para evitar que isso aconteça”, cobrou.
 

A CEE criticou a efetividade de programas apresentados pela Caixa, como o formato e a condução das "Rodas de Diálogo", uma vez que não há um tempo efetivo para os empregados se dedicarem aos temas, e muitas vezes não há treinamento, nem identificação do gestor responsável pelas “rodas” com o tema.

“Precisamos trabalhar a efetividade. Nas rodas de conversa vemos que muita coisa é feita apenas para cumprir o protocolo. É preciso selecionar pessoas que se interessem em fazer o debate sobre o tema, para que ela se envolva e consiga envolver seus colegas”, sugeriu Vivian de Sá, dirigente sindical.

Discriminação racial


Vivian Sá disse que, com relação às medidas para o enfrentamento ao racismo, o que a Caixa apresentou está em sintonia com que é reivindicado pelos empregados.

 “Precisamos de um canal específico para receber denúncias, tanto de quem sofreu a violência, quanto de quem a presenciou. Com pessoas capacitadas para receber as denúncias e um regramento do que deve ser feito, para evitar o que acontece com casos de violência contra mulheres”, completou, acrescentando que todos sabem da existência do racismo estrutural e que é preciso enfrentá-lo.
 

A Caixa afirmou que o banco vai criar um canal específico para atender exclusivamente as denúncias de discriminação.
 

Gestão pelo medo


Os representantes dos empregados citaram casos de denúncias levadas à Caixa por empregadas vítimas de violência doméstica que foram expostas. “Se existe um canal de atendimento às mulheres vítimas de violência na Caixa, este canal é muito mal divulgado. Uma superintendência recebeu uma denúncia e, ao invés de dar o encaminhamento devido, levou o caso para a ouvidoria do banco”.
 

E ainda lembraram também das denúncias que foram “engavetadas” na gestão passada e, depois que foram divulgadas pela imprensa levou à queda de Pedro Guimarães, então presidente da Caixa.
 

“Faz dois anos que toda a imprensa divulgou as denúncias de assédio moral e sexual de um ex-presidente da Caixa. E isso permanece sem resposta. O Pedro Guimarães vai continuar impune e fazendo piadinha sobre o caso nas redes sociais? Ele atingiu a todos nós e a imagem do banco e continua atingindo. Como as mulheres vão confiar que podem denunciar se o agressor permanece impune?”, questionou a CEE Caixa.
 

A CEE ressaltou, ainda que, em muitos casos de denúncias, a empregada é transferida para outra unidade para evitar que a vítima tenha que manter contato com o agressor, mas que, por diversas vezes, acaba perdendo a função e a gratificação a ela destinada, gerando queda da remuneração. A reivindicação é para que a Caixa garanta a manutenção da função para evitar a queda na remuneração.

Tecnologia e sistemas

Ainda na área de tecnologia, os empregados reivindicam que a Caixa invista “na aquisição e manutenção de equipamentos, softwares e demais tecnologias, adotando medidas efetivas contra a indisponibilidade de sistemas”.
 

“A indisponibilidade de sistemas não pode prejudicar a vida funcional dos empregados. Os inúmeros problemas de sistema afetam a vida funcional dos empregados e isso precisa ser resolvido”, disse o coordenador da CEE, Rafael de Castro.
 

Ele defende, porém, que estes investimentos sejam feitos com responsabilidade e pensando em solucionar problemas dos trabalhadores, não única e exclusivamente pensando no aumento da produtividade.

“Recentemente, a Caixa passou a utilizar tecnologia artificial para ajudar seus empregados a responderem questões dos clientes. E isso me fez lembrar de uma fala do Átila Iamarindo em nosso último Conecef. Ele falou sobre o caso de uma empresa aérea que usa IA para atender seus clientes, mas que não quis se responsabilizar pelo desconto oferecido pela tecnologia a um cliente que comprou uma passagem. Alegaram que a tecnologia ofereceu um desconto que não existia. A Justiça deu ganho de causa ao cliente, claro!”, lembrou Rafael.

“O que quero dizer, é que a Caixa não pode responsabilizar o empregado se houver algum desvirtuamento na resposta que ele der seguindo a orientação dada pela IA que a Caixa implementou. Os sistemas oferecidos pela Caixa não podem causar prejuízo à vida funcional do empregado, seja pela queda no sistema, seja pelo desvirtuamento da IA”, completou.
 

Outros pontos


Sobre as ausências permitidas, além das que já constam no ACT, foram inseridas na minuta de reivindicações entregue à Caixa, a permissão de ausências para acompanhar parentes em internações sem limite de dias, ausências específicas com relação a sintomas menstruais graves, ausências para acompanhar dependentes PcD em tratamentos e terapias.
 

Também foram feitas alterações nas reivindicações sobre escala de férias. “Existem muitos conflitos na definição da escala de férias e defendemos que haja priorização para todos que tenham filhos em idade escolar e para pais e mães de PcD”, disse a representante da Fetec-CUT/SP, Vivian Sá.
 

No artigo sobre o parcelamento do adiantamento de férias, a reivindicação é para que haja opção de o empregado escolher se quer, ou não, receber o adiantamento. “Para os empregados que quiserem receber adiantado o pagamento referente ao mês de férias, nada muda. A devolução do valor adiantado poderá continuar sendo em até 10 parcelas. Com a mudança proposta, o empregado poderá escolher se quer receber o valor adiantado, ou se quer receber na data normal em que receberia seu salário”, explicou ainda Vivian Sá, dirigente sindical. “Sem prejuízo de ele receber o adicional de 1/3 estabelecido em Lei de forma adiantada”, completou.
 

Outro ponto destacado pelos empregados foi o artigo referente às transferências de local de lotação. “A Caixa precisa ter uma política transparente relacionada às transferências de empregados. Todos precisam conhecer as opções disponíveis e poder se candidatar a elas, pois é natural que as pessoas queiram trabalhar em um local mais próximo de casa ou, que se adeque melhor à sua rotina; em alguns casos isso é também uma necessidade e por este motivo a nossa minuta prevê algumas preferências nestas alocações”, disse Rafael de Castro.

Funcef


O Coordenador da CEE lembrou que a Contraf-CUT, a Fenae e a própria CEE, vem cobrando há algumas semanas a instauração de uma mesa de negociações sobre diversas questões que envolvem a Funcef. “A Funcef vem nos chamando para debater, mas é a Caixa e a CEE que devem debater a solução para os problemas da Funcef, por mais que outros atores sejam ouvidos”, disse. “O diálogo em nossa mesa de negociações está fluindo bem. Podemos dar uma demonstração de maturidade e mostrar que somos capazes de resolver isso”, disse.
 

Os representantes da Caixa disseram que estão discutindo esta possibilidade, mas que ainda não há uma resposta. “Precisamos que isso seja resolvido logo, pois há muitos empregados e beneficiários que são afetados pela demora nesta solução”, ressaltou o coordenador da CEE.

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