São Paulo – O Banco Central e o Ministério da Previdência, preocupados com o elevado endividamento das pessoas, estudam limitar as comissões dos promotores de crédito, os chamados “pastinhas”.
Atualmente, quando o “pastinha” consegue vender um empréstimo de R$ 1.000, recebe cerca de R$ 180 (18% do total concedido ao cliente) no dia em que o dinheiro é liberado.
O que o BC estuda, de acordo com reportagem da Folha de S.Paulo, é limitar a comissão a 10% e fazer com que ela seja recebida em pequenas partes até a quitação da dívida. Por exemplo, se for de 24 meses, o promotor recebe 1/24 todo mês.
Ainda segundo o jornal, o objetivo do Banco Central é dificultar a atuação de “pastinhas” – que ganham esse nome por representar várias empresas e portar diversas pastas de documentos – mal intencionados que aproveitam do cidadão mais ingênuo, empurrando empréstimos de várias instituições. A preocupação da Previdência Social é principalmente com os aposentados que contraem elevadas dívidas por meio do chamado empréstimo consignado.
Enquadramento profissional – De acordo com a secretária-geral do Sindicato, Raquel Kacelnikas, a preocupação do BC vai ao encontro das medidas relativas à concessão de crédito da população. “As pessoas têm de ser conscientizadas para não contrair empréstimos que comprometam seu orçamento. No entanto, tem de ser encontrada solução para os promotores de crédito, que dependem da concessão do empréstimo para compor sua remuneração mensal”, destaca.
A secretária afirma que uma das prioridades da campanha salarial dos financiários deste ano é que os promotores passem a integrar essa categoria. “Ele terá assegurada remuneração maior e direitos do acordo coletivo. Dessa forma, não dependerá tanto de comissão para uma vida digna. Podendo fazer a concessão de crédito de forma bem mais consciente em relação ao poder aquisitivo da pessoa que busca o empréstimo”, acrescenta.
Na negociação entre o Sindicato e a federação das financeiras (Fenacrefi), que ocorre na sexta 24, serão abordadas a unificação da data base e a abrangência do acordo. Nesse último ponto, a reivindicação é que além dos promotores de crédito, as pessoas que atuam em sociedade de crédito imobiliário e associações de poupança e empréstimo entre outros segmentos, tenham os mesmos direitos da categoria de financiários.
A estimativa é de que existam 50 mil promotores de crédito no país. Eles servem como intermediários autônomos entre bancos menores (sem grande rede de agências) e clientes interessados em empréstimos consignados (cujo pagamento é descontado em folha).
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> Financiários lutam por unificação da data base
Redação, com informações da Folha de S. Paulo - 23/8/2012
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Sindicato defende que esses trabalhadores têm de ser enquadrados na categoria de financiários
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